sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Frase da Noite XXXIII

"- Why do Nice people choose wrong people to date with?
- We accept the love  we think we desserve!"

Do filme The perks of being a wallflower.

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Por que Amor?

Por que me completa?
Não, não posso acreditar que falte algo em mim, 
muito menos que seja isso que me faça amar.
Definição muito comercial para algo tão espiritual.

Por que conhece os meus mais sórdidos defeitos,
meus vícios, meu demônios,
Ainda assim está ao meu lado?
Condição necessária,
mas não suficiente.

Porque és como um espelho mágico,
não desses que reflete aquilo que se quer ver,
ou o que está acostumado a ver,
muito menos o meu oposto.
E sim, porque quando olho pra você,
vejo o melhor de mim dentro dos seus olhos.

Por Elita de Abreu, 22/10/2013.

sábado, 12 de outubro de 2013

Frase da Noite XXXII

"Não se pode esperar que um homem que precisa lutar para sobreviver faça ciência, a não ser que encontre nesta um ponto de fuga para a sua dura realidade".

Por Elita de Abreu, em 11/10/2013.

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Educação não é só uma questão de política...

...tão pouco de dinheiro. O maior problema da educação, não só no Brasil, mas agora, na América percebo isso nitidamente, é que ela é feita de pessoas.
Minha experiência aqui tem me dado ótimos e péssimos exemplos sobre o que pode vir a ser "educação".
Como monitora de 3 matérias, numa língua que não é a minha língua natal, e com alunos que vem de toda parte do mundo, devo dizer que, em todos os sentidos, eu aprendo muito mais ensinando do que sentada assistindo aula. Aprendo a me comunicar, a transmitir idéias  complexas de forma simples, e principalmente, que professor não tem poder de ensinar, e sim de facilitar o caminho. Aprender depende de cada um, e há sim professores que podem ser desastrosos para o ensino, completamente desestimulante e pior traumatizante.
Para exemplificar, listo alguns fatos ocorridos nos últimos dois dias:

- Revolta: durante uma prova pego 5 alunos colando. Dou um primeiro aviso para ver se eles se tocam, mas eles seguem até o fim colando. Deixei, para não criar uma tensão na classe, mas à medida que entregavam a prova eu fazia uma marquinha nesta para identificar os trapaceiros e posteriormente, após falar com meu orientador, decidir o que seria feito.
Aos 5 minutos do fim da prova, somente 3 alunos na sala, um deles me entrega a prova com expressão de choro. Pergunto se está tudo bem e ele me diz que foi muito mal. Cara fiquei revoltada em ver aquele aluno sofrendo por ter ido mal, mas tentando dar o seu melhor, sem trapaça, enquanto os outros 5 riam do resto se gabando por estar colando. E sim, os 5 tiraram nota bem melhor que este. ( eu podia ir mais a fundo nisso tamanha é a minha revolta com isso, mas vou para por aqui, pq há ainda muito a escrever sobre os ocorridos dos dois últimos dias).

- Atitude Nobre: falo com meu orientador e ele acha que o melhor a ser feito é esperar a próxima prova para ver se os cinco vão tentar colar de novo ou se vão se tocar e fazer por merecer. Nenhuma punição? Não a priori, mas ele está indo mais fundo do que imaginei. Na verdade ele simplesmente sabe que esses caras não vão muito longe desse jeito, então ele está dando corda pra eles mesmo se enforcarem. A única forma de eles escaparem é estudando de verdade e fazendo as coisas por si mesmo. Ele deixou nas mãos deles mesmos o próprio destino.

- Humildade: esse mesmo orientador, na aula posterior, durante a apresentação de uma aluna, percebe através de algumas perguntas chaves, que ela não sabe exatamente do que está falando, e sim reproduzindo a leitura que fez, sem ter entendido bem. Ao invés de ele dar uma nota baixa a ela, ou simplesmente constrange-la, ele se levanta e explica pra sala toda, mas focado nela, o que estava por detrás daquelas equações. Ele entende que se o aluno não está entendendo algo, ou não sabe de algo que supostamente deveria saber, é papel dele ajudar nessa caminhada e respeitar as dificuldades de cada um.

- Malandragem: no fim da aula de hoje, um colega me chama para uma festa italiana que vai rolar no fim de semana. Digo que não sei se vou pois terei duas provas na semana seguinte e preciso estudar. Então ouço dele: pega a prova do ano passado e decora, essa matéria é moleza! Eu tirei A em tudo. Respondi: Na boa, eu larguei meu emprego pra estar aqui estudando, se fosse pra colar acho que não valeria a pena. Eu vim com um propósito, aprender, se vou ou não é outra história, mas vou pelo menos tentar. E cara, pra mim ele é tão trapaceiro ou mais que os outros cinco que peguei colando durante a prova pq ele colou antes mesmo da prova! Minutos depois ele me faz uma pergunta sobre esta matéria, que ele já fez e se gabou de tirar A, que não dava pra acreditar que ele não sabia. Na boa, perdi a paciência e dei logo um fora: é por isso que eu não decoro e sim aprendo!

- Decepção:  num seminário de grupo, aquele mesmo professor do discurso bonito no início da aula (motivo de um post), simplesmente humilha os seus alunos  e convidados também, na frente de todo mundo. Faz piadas grosseiras e ironiza o fato de alguns alunos não entenderem alguns conceitos. Além disso, se mostra um cara interesseiro ao máximo, quando outros alunos, ligados a indústria, cometem o mesmo deslize e ele simplesmente deixa passar. Totalmente constrangedor e desestimulante. Na saída, pelo menos 3 alunos, além de mim, disseram que não voltariam na próxima reunião.

Pra vcs verem como há alunos e alunos, e há professores e professores e não é uma questão de País. Pessoas! Fazer o que?!

Agora, prometo uma poesia pra quem adivinhar a nacionalidade de cada uma das pessoas. Dica: tem chinês, russo, brasileiro, americano e árabe.

Por Elita de Abreu, em 10/10/2013.

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Discurso do escritor Luiz Ruffato na abertura da Feira do Livro de Frankfurt

"O que significa ser escritor num país situado na periferia do mundo, um lugar onde o termo capitalismo selvagem definitivamente não é uma metáfora? Para mim, escrever é compromisso. Não há como renunciar ao fato de habitar os limiares do século 21, de escrever em português, de viver em um território chamado Brasil. Fala-se em globalização, mas as fronteiras caíram para as mercadorias, não para o trânsito das pessoas. Proclamar nossa singularidade é uma forma de resistir à tentativa autoritária de aplainar as diferenças.

O maior dilema do ser humano em todos os tempos tem sido exatamente esse, o de lidar com a dicotomia eu-outro. Porque, embora a afirmação de nossa subjetividade se verifique através do reconhecimento do outro --é a alteridade que nos confere o sentido de existir--, o outro é também aquele que pode nos aniquilar... E se a Humanidade se edifica neste movimento pendular entre agregação e dispersão, a história do Brasil vem sendo alicerçada quase que exclusivamente na negação explícita do outro, por meio da violência e da indiferença.

Nascemos sob a égide do genocídio. Dos quatro milhões de índios que existiam em 1500, restam hoje cerca de 900 mil, parte deles vivendo em condições miseráveis em assentamentos de beira de estrada ou até mesmo em favelas nas grandes cidades. Avoca-se sempre, como signo da tolerância nacional, a chamada democracia racial brasileira, mito corrente de que não teria havido dizimação, mas assimilação dos autóctones. Esse eufemismo, no entanto, serve apenas para acobertar um fato indiscutível: se nossa população é mestiça, deve-se ao cruzamento de homens europeus com mulheres indígenas ou africanas - ou seja, a assimilação se deu através do estupro das nativas e negras pelos colonizadores brancos.

Até meados do século 19, cinco milhões de africanos negros foram aprisionados e levados à força para o Brasil. Quando, em 1888, foi abolida a escravatura, não houve qualquer esforço no sentido de possibilitar condições dignas aos ex-cativos. Assim, até hoje, 125 anos depois, a grande maioria dos afrodescendentes continua confinada à base da pirâmide social: raramente são vistos entre médicos, dentistas, advogados, engenheiros, executivos, jornalistas, artistas plásticos, cineastas, escritores.

Invisível, acuada por baixos salários e destituída das prerrogativas primárias da cidadania --moradia, transporte, lazer, educação e saúde de qualidade--, a maior parte dos brasileiros sempre foi peça descartável na engrenagem que movimenta a economia: 75% de toda a riqueza encontra-se nas mãos de 10% da população branca e apenas 46 mil pessoas possuem metade das terras do país. Historicamente habituados a termos apenas deveres, nunca direitos, sucumbimos numa estranha sensação de não pertencimento: no Brasil, o que é de todos não é de ninguém...

Convivendo com uma terrível sensação de impunidade, já que a cadeia só funciona para quem não tem dinheiro para pagar bons advogados, a intolerância emerge. Aquele que, no desamparo de uma vida à margem, não tem o estatuto de ser humano reconhecido pela sociedade, reage com relação ao outro recusando-lhe também esse estatuto. Como não enxergamos o outro, o outro não nos vê. E assim acumulamos nossos ódios --o semelhante torna-se o inimigo.

A taxa de homicídios no Brasil chega a 20 assassinatos por grupo de 100 mil habitantes, o que equivale a 37 mil pessoas mortas por ano, número três vezes maior que a média mundial. E quem mais está exposto à violência não são os ricos que se enclausuram atrás dos muros altos de condomínios fechados, protegidos por cercas elétricas, segurança privada e vigilância eletrônica, mas os pobres confinados em favelas e bairros de periferia, à mercê de narcotraficantes e policiais corruptos.

Machistas, ocupamos o vergonhoso sétimo lugar entre os países com maior número de vítimas de violência doméstica, com um saldo, na última década, de 45 mil mulheres assassinadas. Covardes, em 2012 acumulamos mais de 120 mil denúncias de maus-tratos contra crianças e adolescentes. E é sabido que, tanto em relação às mulheres quanto às crianças e adolescentes, esses números são sempre subestimados.

Hipócritas, os casos de intolerância em relação à orientação sexual revelam, exemplarmente, a nossa natureza. O local onde se realiza a mais importante parada gay do mundo, que chega a reunir mais de três milhões de participantes, a Avenida Paulista, em São Paulo, é o mesmo que concentra o maior número de ataques homofóbicos da cidade.

E aqui tocamos num ponto nevrálgico: não é coincidência que a população carcerária brasileira, cerca de 550 mil pessoas, seja formada primordialmente por jovens entre 18 e 34 anos, pobres, negros e com baixa instrução.

O sistema de ensino vem sendo ao longo da história um dos mecanismos mais eficazes de manutenção do abismo entre ricos e pobres. Ocupamos os últimos lugares no ranking que avalia o desempenho escolar no mundo: cerca de 9% da população permanece analfabeta e 20% são classificados como analfabetos funcionais --ou seja, um em cada três brasileiros adultos não tem capacidade de ler e interpretar os textos mais simples.

A perpetuação da ignorância como instrumento de dominação, marca registrada da elite que permaneceu no poder até muito recentemente, pode ser mensurada. O mercado editorial brasileiro movimenta anualmente em torno de 2,2 bilhões de dólares, sendo que 35% deste total representam compras pelo governo federal, destinadas a alimentar bibliotecas públicas e escolares. No entanto, continuamos lendo pouco, em média menos de quatro títulos por ano, e no país inteiro há somente uma livraria para cada 63 mil habitantes, ainda assim concentradas nas capitais e grandes cidades do interior.

Mas, temos avançado.

A maior vitória da minha geração foi o restabelecimento da democracia - são 28 anos ininterruptos, pouco, é verdade, mas trata-se do período mais extenso de vigência do estado de direito em toda a história do Brasil. Com a estabilidade política e econômica, vimos acumulando conquistas sociais desde o fim da ditadura militar, sendo a mais significativa, sem dúvida alguma, a expressiva diminuição da miséria: um número impressionante de 42 milhões de pessoas ascenderam socialmente na última década. Inegável, ainda, a importância da implementação de mecanismos de transferência de renda, como as bolsas-família, ou de inclusão, como as cotas raciais para ingresso nas universidades públicas.

Infelizmente, no entanto, apesar de todos os esforços, é imenso o peso do nosso legado de 500 anos de desmandos. Continuamos a ser um país onde moradia, educação, saúde, cultura e lazer não são direitos de todos, mas privilégios de alguns. Em que a faculdade de ir e vir, a qualquer tempo e a qualquer hora, não pode ser exercida, porque faltam condições de segurança pública. Em que mesmo a necessidade de trabalhar, em troca de um salário mínimo equivalente a cerca de 300 dólares mensais, esbarra em dificuldades elementares como a falta de transporte adequado. Em que o respeito ao meio-ambiente inexiste. Em que nos acostumamos todos a burlar as leis.

Nós somos um país paradoxal.

Ora o Brasil surge como uma região exótica, de praias paradisíacas, florestas edênicas, carnaval, capoeira e futebol; ora como um lugar execrável, de violência urbana, exploração da prostituição infantil, desrespeito aos direitos humanos e desdém pela natureza. Ora festejado como um dos países mais bem preparados para ocupar o lugar de protagonista no mundo --amplos recursos naturais, agricultura, pecuária e indústria diversificadas, enorme potencial de crescimento de produção e consumo; ora destinado a um eterno papel acessório, de fornecedor de matéria-prima e produtos fabricados com mão de obra barata, por falta de competência para gerir a própria riqueza.

Agora, somos a sétima economia do planeta. E permanecemos em terceiro lugar entre os mais desiguais entre todos...

Volto, então, à pergunta inicial: o que significa habitar essa região situada na periferia do mundo, escrever em português para leitores quase inexistentes, lutar, enfim, todos os dias, para construir, em meio a adversidades, um sentido para a vida?

Eu acredito, talvez até ingenuamente, no papel transformador da literatura. Filho de uma lavadeira analfabeta e um pipoqueiro semianalfabeto, eu mesmo pipoqueiro, caixeiro de botequim, balconista de armarinho, operário têxtil, torneiro-mecânico, gerente de lanchonete, tive meu destino modificado pelo contato, embora fortuito, com os livros. E se a leitura de um livro pode alterar o rumo da vida de uma pessoa, e sendo a sociedade feita de pessoas, então a literatura pode mudar a sociedade. Em nossos tempos, de exacerbado apego ao narcisismo e extremado culto ao individualismo, aquele que nos é estranho, e que por isso deveria nos despertar o fascínio pelo reconhecimento mútuo, mais que nunca tem sido visto como o que nos ameaça. Voltamos as costas ao outro --seja ele o imigrante, o pobre, o negro, o indígena, a mulher, o homossexual-- como tentativa de nos preservar, esquecendo que assim implodimos a nossa própria condição de existir. Sucumbimos à solidão e ao egoísmo e nos negamos a nós mesmos. Para me contrapor a isso escrevo: quero afetar o leitor, modificá-lo, para transformar o mundo. Trata-se de uma utopia, eu sei, mas me alimento de utopias. Porque penso que o destino último de todo ser humano deveria ser unicamente esse, o de alcançar a felicidade na Terra. Aqui e agora."

(Fonte: Folha de São Paulo, 08/10/2013 - http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2013 )

Simplesmente, não dava para não dividir!

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Frase da Noite XXXI

"Não acredite em nada somente porque esta escrito em seus livros. Mas após observação e análise, quando você achar que qualquer coisa concorda com a razão e é propício para o bem e benefício de um e todos, então aceite-o e viva de acordo com ela "
Buda.