quinta-feira, 15 de maio de 2014

Tic Tac

Tic Tac
Soava bem baixinho
Ao longe,
Quase não se percebia..

Tic Tac Tic Tac
Já não me deixava dormir
Virava de um lado pro outro
Mas o som não queria sumir

Tic Tac Tic Tac Tic Tac
E o dia virou noite
Meus pensamentos ecoavam
Minha vontade era sumir

Tic Tac Tic Tac Tic Tac Tic Tac
Era uma bomba relógio
Em contagem regressiva
Pronta para explodir

Tic Tac Tic Tac Tic Tac Tic Tac Tic Tac
Nos entreolhamos
O melhor era fugir
Cada para o seu lado
Para a bomba não nos destruir
No estranhamos
O Tic Tac ainda podia se ouvir
Nós ainda estávamos alí
Estagnados
Sem saber pra onde ir
A bomba em nossas mãos
Tic Tac Tic Tac Tic Tac
Decidimos ficar e desarmá-la
Um dentre três fios deveríamos cortar
O da dependência emocional
O do medo de ficar sozinhos
O do acabou, nosso amor chegou ao fim
Qual cortar?
Não sabíamos, era arriscado chutar
Se a bomba explodir
Seremos um pra cada lado,
Mutilados,
Feridos,
Sentidos,
Profundamente machucados.
Tic Tac Tic Tac Tic Tac
Uma hora ela ia estourar
Correndo contra o tempo
Estávamos nós a tentar
Não havia mais tempo pra fugir
Tínhamos que insistir
Tic Tac Tic Tac Tic Tac
Uma hora ela vai explodir
É preciso decidir
Eu,
Você,
Ou nós
Pro Tic Tac se esvair
Tic Tac Tic Tac Tic Tac...

terça-feira, 13 de maio de 2014

Andarilha

Dentre caminhos ocultos
E trilhas desconhecidas
As encruzilhadas da vida
Percorrem  minhas veias
Na highway sem destino
Sempre um beco sem saída
Atalhos longínquos
Vielas de um coração sozinho
De passagem
Em meio a inúmeros passageiros
A viagem virtual
O tour mental
Cruzando oceanos de lágrimas
Continentes inconsistentes
Voando de Leste a Oeste
De Norte a Sul
Sob um céu de dor
Na bagagem lembranças
Na bagagem esperanças
Na bagagem mudanças
Sigo andando
Não sei onde vai dar
Sigo andando
Com medo de parar
Sigo andando
Abandonando um aqui
Outro acolá
Sigo andando
E sempre a sonhar
As vezes ando em círculos
Já estive neste lugar
Saio correndo
Fugida
A cambalear
Pega-Pega
Esconde-Esconde
Saci Pererê
E o vento a assobiar
Na estrava da vida
Estou a me aventurar
Não tem pista dupla
Só pedágio a pagar
Onde vou chegar
Não sei...
Mas vou continuar.


 

quinta-feira, 8 de maio de 2014

Antônimos

O antônimo de Antônio era Antônia
No início pareciam sinônimo
Todo mundo achava lindo o casal de nome igual
No início tudo era ditongo
Meu coração,
Amor perfeito,
Alma gêmea,
Sempre saudades.
Depois fez-se um hiato
O silêncio, que é um ditongo,
Era o que preenchia o vazio
A rotina do dia a dia virara melancolia.
Entre os dois o que havia era só um hiato.
Antônio queria dormir cedo
Antônia passeava pelas madrugadas
Antônio fazia esportes
Antônia vivia deitada
Antônio era a paz em pessoa
Antônia vivia a distribuir raios e trovões
Antônio tinha um coração bom
Antônia queria se sentir amada
Antônio dizia que a amava
Antônia não acreditava
Definitivamente, não eram sinônimos
Antônio era homem
Antônia era mulher.

Quem criou a minha geração, tão condenável?

Sabe, vira e mexe recebo emails com fotos e textos, notícias e pesquisas comparando a minha geração com a dos meus pais.
Sempre num tom saudosista, tentando mostrar que a infância deles era mais feliz, porque brincavam na rua, tinham amigos reais, não tinham vídeo game, iPad, televisão.
Tentam mostrar que eles eram mais felizes, tiveram mais sucesso, aprenderam a respeitar o próximo, eram menos violentos e por aí vai.
Sempre com uma crítica indireta ou até mesmo direta à minha geração e as gerações mais novas que a minha, ao nosso jeito de ser, de encarar a vida.
Oras, eu me pergunto, quem criou a minha geração?
Quem foi que nos deu esses valores tão condenáveis?
Quem comprou e me deu de presente o meu primeiro vídeo game?
Quem sempre me disse que eu era especial, melhor que os outros e que deveria brigar pelo que quero com unhas e dentes, que não baixasse a cabeça pra ninguém?
Quem foi que me ensinou que a gente só deve fazer aquilo que gosta?
Quem me mostrou esse mundo e me ensinou a viver a vida?
Bom, só posso concluir que a geração dos meus pais tiveram pais melhores e mais comprometidos com a educação, valores e futuro, que a minha geração teve.
Não parece óbvio?!
Acho muita hipocrisia a geração dos meus pais criticarem a minha, como se não tivessem nenhuma responsabilidade...
MUITA HIPOCRISIA!
E tem mais, aposto que eles só acham isso dos filhos dos outros, os deles são perfeitos, claro...