domingo, 24 de maio de 2015

Arrebatador

Ele chegou assim, de supetão
Foi logo puxando uma cadeira,
Abrindo a porta da geladeira
Cheirando meu cangote,
Me botando no colo,
E me chamando de mulher.

Se aninhou no meu coração
Me fez perder as estribeiras
Me passou uma daquelas rasteiras
E olha que não sou de fazer fricote
Mas fiquei sem folêgo
E me senti viva outra vez

Enebriada daquela emoção
No vai e vem dos corpos em ritmo de capoeira
Minhas defesas desceram a ladeira
A paixão já tinha dado o seu bote
Estava totalmente entregue
Queria ser sua e de mais ninguém

Mas aí veio a confusão
Ele foi me deixando assim, de forma sorrateira
Me lagou sem eira nem beira
Entregue à própria sorte
Ele vai seguir em frente, vai tocar a vida
E eu mais uma vez fico pra trás, deixando a vida me levar.









quinta-feira, 14 de maio de 2015

terça-feira, 12 de maio de 2015

A separação

E é assim que a promessa de Felizes Para Sempre acaba
Cada uma pega as suas coisas,
O que tem de mais valor,
E coloca dentro de uma caixa.

Anos e anos de convivência,
Sentimentos que não cabiam em si,
Mas no fim, vai tudo pra uma caixa,
Que será esquecida num canto.

Anos irão se passar sem que esta caixa seja aberta,
Se é que um dia irá.
Aquela foto, esbanjando felicidade,
Ficará no fundo, virada pra baixo, que é pra não doer.

A primeira rosa,
Seca entre as páginas de um livro,
Do seu livro predileto,
Este também irá pra a caixa e nunca mais será aberto.

E de repente não passamos de dois estranhos,
Entulhando as coisas vividas,
Desentulhando os sentimentos,
Abrindo espaço para o novo, que ainda acreditamos que virá.

Prometemos guardar apenas as boas memórias,
As boas lembranças,
E jogar fora tudo o que dói, doeu, ou doerá
Afinal, nos amávamos e era pra ser pra sempre.

E depois de se desfazer de tudo o que se teve,
De tudo o que se viveu,
E achar que o vazio tomaria conta,
Vem a pontada no peito

Onde vou guardar os planos não realizados,
As coisas boas que não vivemos,
Os sonhos que sonhei pra nós dois,
O final feliz que nos esperava?

Em qual caixa guardo as memórias que não existiram?
Em que canto deixo esquecido o futuro impossível?
Como me livro da dor de não ter sido?
Como se convive com um amor que não era infinito?