Foi um ano difícil. Eu já o sabia que seria.
Sabe quando vc recebe uma herança de um parente que vc nem sabia que tinha, e acha que aquilo vai mudar a sua vida?
Pois é, esse foi 2012. E como todo mundo que recebe uma herança achei que a minha vida ia mudar para melhor, mas não foi bem assim.
Quando cheguei para recebê-la era uma terreno enorme, largados às moscas. Pedregoso, cheio de ervas daninhas, espinheiros e animais peçonhentos.
Cheguei a desistir por alguns segundos, por muitas vezes repetidas ao longo do ano. Me senti incapaz, frustrada, fracassada e muito, muito cansada.
Comecei 2012 arrancando as ervas daninhas da minha vida uma a uma com as mãos. Mas o terreno era tão grande, e havia tantas que dava desanimo. Cada vez que enchia um balde delas, olhava ao redor e não tinha limpado nem um metro quadrado. Fora os animais peçonhentos que ficavam na moita preparando o bote e vira e mexe me atacavam.
Estive por um fio.
Mas graças a Deus, de vez em quando aparecia um amigo para ajudar, dar apoio, as vezes encontrava um andarilho, de passagem, disposto a trabalhar por um prato de comida, e milagrosamente, de vez em quando achava preciosidades, flores exóticas, passarinhos afáveis, e coloridos pôr-do-sol.
Esse foi 2012. O ano de limpar o terreno, conhecer as pessoas e a mim mesma e decidir o que queria da vida.
E ele me jogou para 2013 com uma tarefa: já que eu tinha decidido a ficar com a herança, tinha que dar um jeito nela, de fazê-la produtiva.
E assim foi 2013, ano de remexer a terra, revirar tudo!
Ano de dar um basta em tudo o que não me fazia bem, de tirar da vida as pessoas que não me queriam bem, de abandonar projetos sem futuro, abrir mão de coisas já conquistadas, e suor, muito suor.
Foi um ano de agir e planejar como jogador de xadrez e batalhar como um gladiador.
Arrisquei o emprego, arrisquei o casamento, arrisquei as amizades, arrisquei o meu conhecimento. Coloquei tudo a prova.
Sim, eu estava revirando a terra, e quando se revira algo, tudo o mais fica virado.
E senti medo, muito medo e muita coragem. Coragem para buscar um sonho, coragem para enfrentar o desconhecido.
Lembro que no momento em que decidi a largar o emprego para vir atrás do meu sonho um amigo me perguntou: Você não acha que está sendo muito radical? Largar assim um emprego bom?
Respondi: Eu não estou feliz aqui. Você não acha que é muito mais radical ter que ficar neste emprego pra sempre?
Rimos...
E no meio do ano eu me mudava de país, desempregada, casada no papel, deixava para trás a família, os amigos e voltava a ser uma simples estudante, uma desconhecida, mais uma desapercebida.
Mas eu estava feliz, insegura, mas feliz!
Fase de adaptação, novos amigos, novas decepções, novos sonhos, promessas, tudo novo...Só uma coisa ainda era velha, a vontade de ser vencedor.
E esse foi 2013! a terra foi arada.
O que eu espero para 2014?
Não, enganou-se se acha que eu espero colher frutos.
2014 também será um ano de muito trabalho.
Espero que em 2014 eu corrija o solo e o adube deixando-o adequado para começar a semear.
Vai ser um ano de observar. Observar o clima, a chuva, a direção do sol, do vento. De estudar o meio ambiente e entendê-lo, para depois, e só depois, poder escolher o melhor tipo de semente a se plantar, qual a época do ano para tal, o quanto se deve irrigar, todos esses detalhes, etc e tal.
Desejo que em 2014 a poeira do solo revolvido possa se assentar, pois agora sigo uma nova vida, com um looongo caminho a trilhar.
Feliz Ano Novo!
Ah, o balanço do ano? Foi positivo! Ele é sempre positivo para os sonhadores...