Era uma vez
Um Pirata solitário
Que navegava errante
Pelos imensos e misteriosos
Mares das almas.
Sempre atento,
Com seu binóculo de longo alcance,
A tudo enxergava,
De sua visão
nada escapava.
Mas um belo dia,
Este marinheiro que à beira mar descansava
Teve seu silêncio quebrado
Por uma mensagem na garrafa.
Acabara seu sossego,
Outros mares o chamavam.
Cansado dos anos passados,
Descrente do amor
E da magia
O Pirata retorna à embarcação
Rumo aos mares de um jovem coração.
Perdido neste novo labirinto
As pistas vinham em forma de poesia
E não bastava ler com os olhos,
Mesmo os de alta resolução.
Para encontrar a saída
Era preciso ler com a alma,
Sentir o caminho com o coração.
Em cada nuance, em cada metáfora,
Estava alí a sua salvação.
E cada vez mais o solitário marinheiro se perdia,
Pois teimoso,
Insistia em não crer no que via.
Os Deuses, então enfurecidos,
Se reuniram para lhe dar um castigo.
Seus olhos queriam cegar,
Para que com a alma
ele aprendesse a enxergar.
Mas Afrodite não concordou,
Achou muito duro o castigo
E um de seus olhos salvou.
Triste e sozinho,
O marinheiro se reclusou
E entre garrafas e pergaminhos
Uma pista perdida encontrou.
Com seu único olho agora,
Leu, releu e quase entendeu.
Afrodite, que estava prestes a ser sacrificada
Suspirou
E aos Deuses seu plano revelou.
Entusiasmados com o ocorrido,
Em ver o marinheiro
Acreditando, sentindo
Decidiram mudar o seu destino.
Um tapa olho mágico lhe enviaram
E no descansar do olho cego
Sob o amor de cada fio
Sua visão aos poucos devolveriam.
- Mas olha que contradição,
Depois de aprender a ver com o coração
O Pirata não precisará ter de volta a sua visão!
Protestou Afrodite.
Helena tomou a palavra:
- Minha cara Nefertite,
Com o amor enxergamos o caminho,
Mas é com os olhos que vemos
Os obstáculos e os perigos.
Quem só com os olhos vêem ,
Vive perdido,
temendo os perigos.
Quem só com o coração enxerga,
Cego fica,
Preso nas armadilhas do Destino.
E assim tudo ficou resolvido.
O Pirata solitário
Estava absolvido.
Voltara a seu barco a vela,
Para desvendar os mares do destino.
Por Elita de Abreu .
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