sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Quando o amor não acontece

Quando o amor não acontece
A gente chora e entristece
E sente raiva
E quebra promessas
E enlouquece

As vezes o amor não acontece
E as juras feitas perdem o sentido
As fotos românticas empalidecem
E a gente acha que não o merece
E a gente se culpa e culpa e não desculpa e não se desculpa

Na maioria das vezes o amor não acontece
E tudo bem, a vida segue
Mais cedo mais tarde a gente esquece
A magoa passa
E logo a esperança reaparece

(Pois o amor é coisa rara
Não se vê aqui e acolá, espalhado em todo lugar
E não adianta se forçar
O amor tem vontade própria
Ele simplesmente acontece
Sem aviso prévio
Sem dar pistas
Sem pedir permissão
As vezes basta um olhar
Na maiorias das vezes não se sabe a razão
Pois é o amor que escolhe a gente
O oposto é ilusão)

O amor não aconteceu pra nós dois
Não desta vez
Não reciprocamente
E amor não se aprende, se pede ou se prende
Amor a gente sente

E quando o amor não acontece
Não há muito o que fazer
Não há porquê em insistir
O melhor é ir embora
E abrir espaço pra quem sabe um dia ele possa existir



quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Running in circles

And here I am, confused. Repeating the same mistake again, the same old story, the same vicious cycle. A story of rejection, intimidation, and indignation. A story where the ego speaks loud and the unconscious yell at me, driving me to a situation I have been before. A situation that only hurts me and spread the sorrow and pain around. I haven't desired any of this fate. I never wish to be put in such a contradiction again. I haven't even been trying to manipulate the future. But things happens. They just happen, and I do believe in destiny. How else could I explain what happened? I knew this was trouble at first sight. He knew it back on the second one. I tried to avoid it. We had been hiding from each other for a long time since we met. It was so many excuses that I really thought he had given up. And I can't deny that I felt sorry. But it seems that when it's over it starts again. And this time, the timing was perfect. My heart was broken, hope was falling apart, and the only thing I wanted was to run away. That was when life came to test me. The invitation was filled with cruel intentions. There was nothing to read in between lines. The message was clear and well written: trouble! I knew I should say no. He expected a no. And despite that, I said yes. I said yes. An "I do" that was just a matter of time, as we both agreed later, when our bodies were sweat, our skin shared the same smell, and our individual picture couldn't be distinguished. An ambiguous feeling dominated my soul. Half of me feels weak on not being able to resist to it. The other half feels brave for going for it. I always had a crush on bad guys. And that is because deep inside I'm a really bad girl. I see sweetness into their eyes when everyone else sees madness. I see fragility on their behavior when everyone else sees rebelliousness. I find romance in their words when everyone else hears hate. He touched me inside, and I'm scared. I'm scared because he is a bad guy, the wrong guy, the one who can break me down, as they are gonna say. But I'm tired as well. I'm tired of denying this primal feeling. I'm tired of choosing the good guy and getting hurt anyway. I'm tired of being with the right guy and making everything else wrong. And I have no idea to where future is gonna lead me; I just hope not to keep running around in circles. 



quarta-feira, 13 de julho de 2016

De ninguém

Eu não era de ninguém
Tão pouco poderia ser sua também
Não me possue aquele que pensa que me tem
Tão pouco me tem aquele que não pode me possuir

Foi todo seu aquilo que te dei
Foi seu e só seu
Que não o dividi com mais ninguém
Nem ninguém mais o quis

Eras dono das minhas fantasias
Do amor calado e reprovado
Da angústia entre o certo e o errado
Da tristeza por ter me abandonado

Eu, tão somente, não lhe seria suficiente
Querias mais que o corpo
Mais que a mente
Nem sabias o que queria exatamente

E eu, que não me dou, lhe entreguei tudo o que quis
Quis paixão, o amei
Quis que fosse inesquecivel, o marquei
Quis o melhor de mim, o pior lhe dei também


quarta-feira, 25 de maio de 2016

Nao me lembrei

Pela primeira vez em 26 anos nao me lembrei. Aquela data tao especial, que mudara toda a minha vida e sua perspectiva passou batida. O porque. Nao sei. Estava leve, e os dias passaram-se com naturalidade. Nem depressa. Nem devagar.
Pensei nele aguns dias antes da data que se aproximava. Lembrei-me dele alguns dias depois, ja passada a data. Nao me senti culpada.
Simplesmente nao me lembrei.
Tao pouco me esqueci.





sexta-feira, 13 de maio de 2016

Um gole de café

Não era o meu país, não era a minha língua, não eram os meus amigos, não era o planejado. Eu estava sozinha e amendrotada. Estava me agarrando a qualquer oi mais caloroso e puxando-o para mim, como se qualquer estranho pudesse se tornar um familiar e me dar forças. Não podem. Nem um, menos ainda o outro.
Faltavam ainda 30 minutos pro onibus chegar. Meu estomago estava a roncar. De medo, de ansiedade, de fome.
No banco ao lado um norueguês a ler o seu livro sobre Kafka. Do meu outro lado um polaco comendo banana verde. Ao meu redor cidadões do mundo se misturavam com os Ticos, destacando-os na pequena multidão. E eu, brasileira, estava alí me sentindo nem parte nem à parte.
Atravessei a rua e pedi um café. Com duas colheres de açucar por favor, que assim acostumou-me minha mãe. Tráz também um croissant com manteiga pra acompanhar, que a viagem de La Fortuna até Nosara vai ser longa.
Sentei-me na mesa ao lado do balcão, de frente para os doces. Era um típica padaria de cidade de interior. Enquanto esperava pelo pedido a solidão se fazia ensurdecedora ao questionar o que estava eu fazendo alí. O que fora eu buscar lá que não encontrava em nenhum outro lugar. Tentanva me desviar daquele pensamento, mas não conseguia. Cada estrangeiro que parava eu perguntava: Vai pra Nosara. E esperava  ouvir  de volta, como uma criança espera a provação do mestre: Sim, quer compania. Não ouvi.
Demorou 15 minutos pro café chegar. Pontualmente, de acordo com o Tico time. Estava morno, do jeito que gosto. Tomei o primeiro gole, como se bebesse da poção da solidão eterna. Sei que não mata, mas é amarga que só.
E entre meus devaneios e receios, olhei de relance para os doces novamente. Me deparei com a minha imagem refletida no espelho da vitrine. Não estava distorcida como esperava. E novamente a solidão falou, agora mudando o seu tom: sinceramente, não vejo diferença nenhuma entre o que vejo agora e o que via antes. É a mesma ainda. O que você quer dizer com isso. Que sua condição não mudou. Mudou o pais, mudou a língua, mudou as pessoas, mudou os planos, mas você sempre tomou o seu café sozinha. Olhei no fundos dos olhos do meu reflexo na vitrine de doces, procurando ali alguma negação ao que acabava de ouvir. Não foi o que vi. Vi olhos doces, serenos, a espera do próximo gole.
Bebi-o.
Foi o mais doce e suave trago dos últimos anos.
Em seguida a solidão pousou suas mãos levemente sobre a minha cabeça e sussurou em meus ouvidos: a gente sempre fez compania uma à outra e sempre se bastou.
O último gole de café foi degustado na presença de mim mesma, sem pressa, sem aflição, sem revelia, sem terror.
Foi um gole de café só.
Foi um gole de café, só.
Foi um gole de café à sós.
Foi um gole de café...
Fui sempre só.