Depois de quase um ano de análise e um definição bem cartesiana para esta, ainda tenho muito a descobrir sobre mim mesma, porém o que desencadeou a minha busca por este tratamento tem sido reforçado dia a dia, e o meu pavor e desprezo pelas relações humanas vêem se intensificando, sessão após sessão.
Vou começar esta história pelo meio, ou melhor, por um pequeno acontecimento que me marcou na infância. Eu devia ter uns 10 ou 12 anos, voltava feliz da vida do Play Center com meus primos no carro. Tinha sido a minha primeira vez em um dos parques mais famosos do Brasil. Eu tinha realizado um sonho.
Eu me lembro de voltar olhando pela janela do carro maravilhada com a cidade grande (sim eu era do interior) e relembrando cada momento daquele dia com uma felicidade, uma alegria, com tanta imaginação... Até que do nada, uma laranja acerta o meu rosto. E doeu, doeu muito. Por pouco não acertou em cheio o olho e por sorte ela bateu no vidro e se dividiu ao meio, amortecendo parte do impacto. Cheguei a ver o moleque que jogou a laranja rindo da minha cara, que ficou roxa por uma semana.
Meu dia acabou naquele exato momento, tudo de bom que eu tinha vivido tinha se transformado em dor. Eu tinha entre 10 e 12 anos e ainda hoje, com 29 anos me pergunto porque aquele garoto que quase me cegou fez aquilo. Eu não tinha feito nada pra ele, nunca o tinha visto na vida e nunca o voltei a ver, como era de se esperar, e também nunca esqueci o que ele fez pra mim.
O trauma que isso me criou foi tamanho, que ainda hoje sinto vergonha de ser feliz, sinto medo de demonstrar que estou alegre, com medo de tomar uma laranjada, o que inavriavelmente acontece, diga-se de passagem. Cada vez que estou quieta no meu canto (e modéstia parte, eu faço isso muito bem) e alguém do nada vem tirar a minha paz, a minha tranquilidade, sinto como se tivesse tomado uma laranjada na cara. E pior, à exceção do causo contado, a laranjada nunca mais veio de um moleque desconhecido, ela sempre vem de pessoas próximas, que se dizem "queridas".
E sinto tanta raiva, tanta raiva, tanta raiva...
Pergunto a minha psicanalista, que se diz entendida da natureza humana, também já perguntei a outros supostos sábios como médiuns, padres e estudiosos da bíblia e do comportamento humano: por que as pessoas fazem isso, que maldade é essa que eu não consigo entender? Qual o prazer que se pode ter em estragar a felicidade alheia?
E em geral a resposta que escuto é que isso é inveja e que eu não deveria me importar com isso, devia esquecer e seguir em frente. E eu sempre vou embora pensando nisso e pensando que eles estão certos, que eu não deveria me deixar abater. Mas quando eu chego em casa e me olho no espelho eu ainda vejo o meu rosto roxo e me lembro do quanto doeu aquela laranjada e aí não esqueço...
E fico com raiva, muita raiva... QUE RAIVA!!!
Por Elita de Abreu.
Vou começar esta história pelo meio, ou melhor, por um pequeno acontecimento que me marcou na infância. Eu devia ter uns 10 ou 12 anos, voltava feliz da vida do Play Center com meus primos no carro. Tinha sido a minha primeira vez em um dos parques mais famosos do Brasil. Eu tinha realizado um sonho.
Eu me lembro de voltar olhando pela janela do carro maravilhada com a cidade grande (sim eu era do interior) e relembrando cada momento daquele dia com uma felicidade, uma alegria, com tanta imaginação... Até que do nada, uma laranja acerta o meu rosto. E doeu, doeu muito. Por pouco não acertou em cheio o olho e por sorte ela bateu no vidro e se dividiu ao meio, amortecendo parte do impacto. Cheguei a ver o moleque que jogou a laranja rindo da minha cara, que ficou roxa por uma semana.
Meu dia acabou naquele exato momento, tudo de bom que eu tinha vivido tinha se transformado em dor. Eu tinha entre 10 e 12 anos e ainda hoje, com 29 anos me pergunto porque aquele garoto que quase me cegou fez aquilo. Eu não tinha feito nada pra ele, nunca o tinha visto na vida e nunca o voltei a ver, como era de se esperar, e também nunca esqueci o que ele fez pra mim.
O trauma que isso me criou foi tamanho, que ainda hoje sinto vergonha de ser feliz, sinto medo de demonstrar que estou alegre, com medo de tomar uma laranjada, o que inavriavelmente acontece, diga-se de passagem. Cada vez que estou quieta no meu canto (e modéstia parte, eu faço isso muito bem) e alguém do nada vem tirar a minha paz, a minha tranquilidade, sinto como se tivesse tomado uma laranjada na cara. E pior, à exceção do causo contado, a laranjada nunca mais veio de um moleque desconhecido, ela sempre vem de pessoas próximas, que se dizem "queridas".
E sinto tanta raiva, tanta raiva, tanta raiva...
Pergunto a minha psicanalista, que se diz entendida da natureza humana, também já perguntei a outros supostos sábios como médiuns, padres e estudiosos da bíblia e do comportamento humano: por que as pessoas fazem isso, que maldade é essa que eu não consigo entender? Qual o prazer que se pode ter em estragar a felicidade alheia?
E em geral a resposta que escuto é que isso é inveja e que eu não deveria me importar com isso, devia esquecer e seguir em frente. E eu sempre vou embora pensando nisso e pensando que eles estão certos, que eu não deveria me deixar abater. Mas quando eu chego em casa e me olho no espelho eu ainda vejo o meu rosto roxo e me lembro do quanto doeu aquela laranjada e aí não esqueço...
E fico com raiva, muita raiva... QUE RAIVA!!!
Por Elita de Abreu.
Laranjada de quem a gente gosta sempre dói mais.
ResponderExcluirTambém tenho cismas com meus momentos felizes, medo de que alguma coisa vá dar errado pra estragar tudo.
O moleque realmente sabia que uma laranjada te causaria tanta dor? Será que quem te perturba consegue medir o mal que faz? Veja só, pode ser de propósito, pode ser por falta de atencão ou pode ser com boas intencões, e mesmo assim o mal estará feito. Será que não é pra isso que existe o perdão?
ResponderExcluirClaro que não, com certeza uma pessoa quando mira uma laranja pra te acertar e jogar com força quer mesmo é te fazer carinho neh?!
ExcluirSobre o perdão, recomendo a leitura, que fui obrogada a tirar deste blog, "Perdão: Escolha ou Obrigação". Caçando vc encontra na internet...
Quer você pense nele como escolha ou obrigação,o perdão que se dá faz mais bem a quem perdoou do que a quem foi perdoado...
ResponderExcluirSobre isso não posso opinar com convicção, pq nunca perdoei ninguém por obrigação...
ExcluirMas imagino q deva ser igual a fazer sexo sem tesão...