domingo, 30 de junho de 2013

(Lou)cura gay



Tenho muito, mas tanta coisa a dizer a respeito disso, dessa (lou)cura gay...
Mas eu não consegui organizar as minhas idéias a ponto de fazer um texto coeso, tamanha é a minha revolta diante da involução a que o povo brasileiro se submete.
Eu não sigo nenhuma religião, respeito todas elas, mas não admito crendices retrógradas. No mundo de hoje, onde a informação veicula de forma rápida e acessível, é inacreditável que as pessoas ainda se apeguem e fiquem papagueando crenças sem pé nem cabeça, a superstições e outras maluquices que hoje a ciência já explique.
Me incomoda saber que não há sequer a curiosidade de saber o que pensam os cientistas sobre um determinado assunto.
 Me incomoda também a falta de debate, de se discutir, de ouvir pontos de vistas diferentes, pois acredito que este é o canal para se diluir preconceitos e não a imposição de idéias.
E me entristece demais, ver que negros, que há pouco mais de um século atrás se livraram das amarras do racismos ( que de fato ainda existe em algumas sociedades), levantem uma bandeira preconceituosa contra os gays, logo estes, que eram considerados seres inferiores. A vocês, sugiro que estudem mais história, a sua história, antes de qualquer coisa.
Me entristece, ver mulheres levantando essa bandeira homofóbica, mães, filhas, irmãs... Logo nós, que há menos de um século saímos às ruas pelo direito de votar, que fizemos greve para ter salário igual ao dos homens e que ainda enfrentamos muitos machistas no dia a dia ( sim, porque o Mundo é machista sim, e essa (lou)cura gay é só mais uma prova disso). Deviam se envergonhar e se lembrar dos anos de humilhações que passamos, pura e simplesmente por ser mulher.
Encerro este manifesto, contra a (lou)cura gay com uma carta de Freud, reconhecido mundialmente como um dos maiores pscicólogos do mundo, e espero que este post incite a discussão e o debate, pois acho que a cura para todo este preconceito começa assim, debatendo, conhecendo, refletindo...


A resposta de Freud numa carta a mãe de um adolescente homossexual em 1936:

"Prezada Senhora, Deduzo de sua carta que seu filho é homossexual. Estou especialmente impressionado com o fato ...da senhora não ter mencionado este termo no seu relato sobre seu filho. Posso perguntar-lhe porque o evitou? A homossexualidade seguramente não é uma vantagem , mas não é nada vergonhoso, não é um vício, não é uma degradação, não pode ser classificada como uma doença; nós a consideramos uma variação da função sexual produzida por um certo bloqueio no desenvolvimento sexual.

Muitos indivíduos altamente respeitáveis na antiguidade e também nos dias de hoje, foram homossexuais, muitos homens notáveis de sua época (Platão, Michelangelo, Leonardo da Vinci). É uma grande injustiça e crueldade a perseguição da homossexualidade como um crime. Se você não acredita em mim, leia os livros de Hamelock Ellis.

Ao perguntar-me se eu poderia ajudar, suponho que você quer saber se posso abolir a homossexualidade e colocar a heterossexualidade normal em seu lugar. A resposta é que, de uma maneira geral, não podemos prometer conseguir isto. Em certos casos temos sucesso em desenvolver as incipientes tendências heterossexuais que estão presentes em todos os homossexuais, mas na maior parte dos casos isto não é mais possível. Depende das características e idade do indivíduo. O resultado do tratamento não pode ser previsto.

O que a análise pode fazer por seu filho segue em outra direção. Se ele é infeliz, neurótico, torturado por conflitos, inibido em sua vida social, a análise pode lhe trazer harmonia, paz de espírito, completo desenvolvimento de suas potencialidade, continue ou não homossexual.

Se você decidir que ele deve fazer análise comigo - e eu não espero que isto aconteça - ele deverá vir a Viena. Não tenho intenção de mudar-me. De qualquer forma, não deixe de me responder.

Sinceramente,

Desejo-lhe boa sorte, Freud.

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