sábado, 22 de dezembro de 2012

O AMOR


A DOR: DESILUSÃO

Depois vc diz que não é cruel,
mas pare pra pensar no q vc fez,

no quanto vc alimentou as minhas expectativas e esperanças,
para depois me frustar, me decepcionar...
Isso dói, 
dói muito,
e eu não aguento mais essa dor!
Só lamento,
pq eu acho q realmente te amo...


A CURA: PERDÃO

admito, agi sem pensar.
vc é a melhor coisa q já aconteceu comigo.
vc me faz me sentir melhor qdo sou melhor e pior qdo cometo meus erros...
e qdo meus erros são contigo, pode ter certeza que meu tempo pára até eu te ver sorrir de novo.
sou imperfeito, sim, eu sou imperfeito... 
mas qdo eu sou imperfeito e te faço triste,
nossa, no meu mundo é sempre dia 21/12/2012, o dia do fim do mundo... 
pq meu mundo não existe sem vc!
pq vc brigando comigo corrige um cara imperfeito que te ama muito e só quer o seu bem...


Apesar da dor e do sofrimento que o amor às vezes causa, não tem como não amar, não perdoar um homem assim! É por isso que escolho ficar ao seu lado todos os dias...



terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Impressionistas

De repente o céu era de Monet,
Calmo em tons pastéis,
Lindo e delicado.
Eu atravessava um campo florido,
Com girassóis de Van Gogh
Mais dourados que o sol.
E imaginava uma menininha
(Haveria de ser)
A mais bela bailarina.
Degas jamais imaginaria.
Sua chegada me impressionara
Ao toque de sutis pinceladas
Uma vida se desenhava
Já podia ouvir as cantigas de ninar
Ao som de Pífaro,
uma linda melodia
As duas, melhores amigas,
Em frente ao piano,
A partitura decifrando.
E de repente tudo era Guerra e Paz,
Era Guernica,
Eram caráters nus,
Não os de Modigliani,
Eram Cubistas,
Irreconhecíveis,
apenas a fim de te levar pra cama,
Nada mais.
Era a dor de Frida Kahlo,
Era a arte imantando a vida.
Um mundo surreal,
Uma existência irreal,
Uma perda desleal.
O que resta é uma tela em branco,
Manchada de vermelho,
Me encarando.

Por Elita de Abreu, em 09/12/2012.

O lado doce do gosto amargo

Os dissabores da vida
Aguçaram meu paladar
Depois de provar do seu amargo
A cada grão de açúcar
Saboreio um manjar
Esse amargo, igual xarope,
Faz bem pra saúde
(Como pode?)
Cura as grandes expectativas,
Prelúdio da ruína,
E dá àquele pequeno gesto,
Tão insosso,
Um novo sabor,
Que à minha boca faz adoçar.
O gosto amargo,
Antes tão odiado,
Bom amigo tem se mostrado.
Seu lado doce me ensinou a apreciar
As notas floridas
Do meu breve caminhar.

Por Elita de Abreu, em 18/11/2012.

sábado, 17 de novembro de 2012

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Frase da Noite XVIII

Parafraseando a viúva de Saramago

Por outro lado, o amor é algo que também se pode desconstruir. Que qualquer um pode destruir.Cada ser humano é autor de sua própria vida... Se uma pessoa não quer mais viver uma relação de amor, não vive. Porque o amor não depende do outro, amor é o que você põe. E se você está decidido a não amar, não há quem possa fazê-lo se sentir amado.


quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Do lado de dentro

Do lado de fora, o calor
A dor, o pavor
Tudo é multidão
Uma imensidade de solidão
O sorriso fictício,
A promessa do solstício
Cara a cara com o precipício.

Do lado de dentro, a calma
A alma, o trauma
Tudo é escuridão
Liquidação de ilusão
O choro ardido,
O drama comedido
O espelho bipartido.

Do lado de fora,
Um mundo que apavora
Tudo é ambição,
O ganha-ganha do pão
A imagem perfeita,
A vida bem feita,
A obsessão uma seita.

Do lado de dentro,
O coração no centro
Tudo é emoção,
Ignorando a razão
O sonho vendido,
O amor escondido,
A queda no abismo.

O salto é infinito,
Não há como voltar
Você fica tão pequenino,
Que parece colapsar
Vai caindo, caindo...
Até se tornar invisível
Eu tenho medo do lado de fora!

Por Elita de Abreu.

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Cara Estranho


Olha só, que cara estranho que chegou
Parece não achar lugar
No corpo em que Deus lhe encarnou
Tropeça a cada quarteirão
Não mede a força que já tem
Exibe à frente o coração
Que não divide com ninguém
Tem tudo sempre às suas mãos
Mas leva a cruz um pouco além
Talhando feito um artesão
A imagem de um rapaz de bem

Olha ali quem tá pedindo aprovação
Não sabe nem pra onde ir
Se alguém não aponta a direção
Periga nunca se encontrar
Será que ele vai perceber
Que foge sempre do lugar
Deixando o ódio se esconder
Talvez se nunca mais tentar
Viver o cara da TV
Que vence a briga sem suar
E ganha aplausos sem querer

Faz parte desse jogo
Dizer ao mundo todo
Que só conhece o seu quinhão ruim
É simples desse jeito
Quando se encolhe o peito
E finge não haver competição
É a solução de quem não quer
Perder aquilo que já tem
E fecha a mão pro que há de vir

Los Hermanos.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Frase da Noite XVII

Freud explica - À todos aqueles homens que acham as mulheres umas dissimuladas: DISSIMULADA É A MÃE!

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Frase da Noite XVI

Recentemente me perguntaram porque decidi fazer análise, se eu não estava bem comigo mesmo, se eu queria mudar.
Pensei comigo: não, justamente pelo contrário, porque me acho interessante e quero me conhecer melhor, porque atualmente os outros me interessam menos (mais do mesmo), porque queria entender do que se trata a análise...
Respondi: sei lá... Porque não fazer análise?
Ouvi desta pessoa exatamente o que esperava ( inclusive da grande maioria): não sei, eu nunca penso no porque não das coisas. Interessante, vou pensar...
Duvido!

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Intempérie

Meu corpo é selva
Meu choro é mar
Minha alma deserta
Não sabe o que é amar

Marcas sobre a casca
Os olhos a marejar
A alma se inquieta
Um destino a trilhar

Ceifa a seiva
Gota a gota, até transbordar
Cada grão de areia
Uma história a contar

São tantas marcas,
Tantas lágrimas
Tudo entre dunas,
A se misturar.

Ventos que derrubam,
Brisa que refresca,
Rajadas que moldam,
Furacões que desolam.

Meu corpo é cerrado
Meu choro é sertão 
Minha alma um planalto
Todo amor em erosão.

Por Elita de Abreu.

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

O precursor

Prezados,

Segue abaixo as instruções para se chegar no local da próxima reunião, a ser realizada em 15 dias a partir de hoje, conforme acordado na reunião passada ( ontem).
Lembrando que estas instruções servem apenas para aqueles que se encontrarem no prédio central no dia da reunião e que já estão readaptadas às normas de segurança e ao programa Saúde para Todos da empresa. Aqueles que não se encontrarão no local descrito acima no dia da reunião, por favor me enviem um email com a sua localização que eu enviarei as instruções para que cheguem ao local na hora marcada.

A Rota traçada é de aproximadamente 15 minutos andando, independente do andar em que se encontrarem ao iniciá-lá.

1. Desça do andar em que estiver até o térreo pelo elevador social.
2. Caminhe até a porta de saída e vire à direita.
3. Ande 3 quarteirões, sempre olhando para os dois lados ao atravessar a rua, e vire á esquerda.
4. Siga em frente por 2quarteirões e vire à esquerda novamente.
5. Caminhइ em linha reta durante as 5 quadras seguintes e entre á direita no portão principal do Parque Verde.
6. Caminhe até o centro do parque e vire à direita, em direção à saída. Por favor, mantenha-se no caminho de pedras, para não estragar o gramado e/ou o jardim.
7. Ao sair do parque, vire à direita. 
8. Você irá caminhar aproximadamente 3 quarteirões até a entrada do edifício onde será realizada a reunião. Em outras palavras, da saída do parque até à entrado do edifício, terá que atravessar duas ruas. Respeite a sinalização.
9. Entre no prédio, nº 222, à sua esquerda e suba até o décimo sexto andar pelo elevador social.
10. Saia do elevador, vire a esquerda, e entre na sala 1601, à sua frente. A reunião será nesta sala.

Caso alguém se perder no meio do caminho, entre em contato imediatamente para não atrasarmos a reunião.

Atenciosamente,
Giusepe Pinto da Silva.

Por Elita de Abreu.

domingo, 26 de agosto de 2012

Frases da noite XV

Mais um título da cômica sessão de auto-ajuda: "Dinheiro não traz felicidade" do autor, Infeliz Convicto ( pq se não fosse o livro seria distribuído de graça, neh?!).

Frases da noite XIV

Na livraria, perambulando sem objetivo nenhum, me deparo com o seguinte livro na sessão de auto- ajuda: "O que toda mulher inteligente deve saber".
 Logo pensei: porque uma mulher inteligente o compraria? Me falta agora saber se o autor está rico, pois me parece que quanto mais ele vender, mais a estatística estará apontando para a quantidade de mulheres burras.
Claro que não comprei. 

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Retorno

A dor de partir
É a alegria de chegar
Tristeza pelo que ficou
Saudades do que vou encontrar
Será?
E se nada mudou,
Ainda posso ser feliz?
E se tudo mudar,
Serei feliz?
Eu queria ficar
Não queria partir
Encontrei meu lugar
Será?
Mesmo com tudo aqui
Fui mais feliz lá
Alívio?

Monótono
Calmo
Um ciclo vicioso
A vida era um baile country
Compassada
Marcada
Aí que gostoso!
E agora, de volta ao país do carnaval
Sou ritmada pelas marchinhas,
Pelos blocos e sua multidão
Levada ao léu pelo Destino
Que foge às minhas mãos
Acabou o sossego,
Acabou a tranqüilidade
Mas estou de volta,
E isso é bom.
Arroz
Feijão
E as pessoas queridas do meu coração.

Por Elita de Abreu.

sábado, 7 de julho de 2012

O Troco


Não sei exatamente o que define a loucura, mas posso afirmar com certeza: nem todo mundo que é louco parece ser louco. E minha irmã é uma dessas pessoas.
Quem a conhece de perto logo vê que ela é um ponto fora da curva, mas poucos, quase ninguém, tem noção do quão louca ela pode ser a depender do "estalo". Quando algo a aflige e ela fica meio sem saída, ela simplesmente se transforma em outra pessoa, do tipo criativa, surpreendente e às vezes perde a noção do perigo...
De longe ela é bem normal. E esse é o problema, e também a solução para os seus problemas. Agente simplesmente esquece que ela pode vir a ser muito louca.
Tempos atrás tive um contratempo de difícil solução. Não porque a solução não existia, mas porque ela era demorada, desgastante e delicada. Ela dependia do bom senso e do caráter de terceiros.
Há alguns meses atrás a garota com quem dividia o apê simplesmente foi embora, sem aviso prévio, e deixando pra trás um mês de aluguel, um chuveiro quebrado e uma parede suja.
Minha mãe me ajudava com o aluguel, pois meu salário de balconista não dava para todas as contas. No entanto nós sabíamos que esta contribuição era suada e implicava em grandes privações para ela. Decidi então não pedir o dinheiro que faltava pro aluguel a ela.
Pensei em pedir à minha irmã. Ela com certeza me daria, e este é o problema: não seria um empréstimo e sim uma doação. Meu orgulho não deixou.
Resolvi então raspar minhas economias. Eu me apertaria por um ou dois meses e enquanto isso tentava receber o que me era devido. Era só uma questão de tempo para que a garota que morava comigo conseguir a grana com seu pai e tudo estaria resolvido.
Dois meses se passaram e nada da garota me pagar. Eu estava sendo paciente, mas as férias acabaram e início de aulas significa gastos extras com material, aumento de aluguel e sorte para encontrar outra pessoa para rachar as contas comigo.
Comecei a ficar nervosa com os dias que se seguiam. Ninguém queria dividir o apê comigo, pois era o meu último ano de faculdade. A garota já não atendia mais o telefone e seu pai disse que simplesmente não ia pagar porque não tínhamos nenhum contrato dizendo que ao sair do apartamento no meio do mês sua filha tinha que pagar pelo mês inteiro. Tá, mas ela também não tinha pago pelos 15 dias.
Tentei negociar, cobrar somente pelos dias em que ela ficou, mas foi tudo em vão. Resultado, entrei no cheque especial e tive que abrir o jogo com minha mãe e minha irmã.
Ambas se prontificaram a me ajudar, com uma pequena contradição: minha mãe, assim como eu, achava que independente de a grana fazer falta ou não, a garota tinha que pagar o que devia. Ela tentou falar com o pai da garota, explicar a nossa condição, a falta que a grana nos fazia, mas de nada adiantou.
Já minha irmã, que foi quem cobriu o meu cheque especial e ainda me deixou um extra, achava que era melhor deixar isso pra lá e não se estressar mais com isso, afinal o problema já estava resolvido e, como ela adora repetir: o dinheiro deve trazer bem estar e não o contrário. Se você tem o suficiente, não deve criar briga por ele e muito menos por pessoas que usam ele mal.
Ela estava certa, embora pensar assim naquele momento não fosse uma tarefa fácil e nem me parecesse justo.
Mesmo com o extra e o cheque especial coberto, eu continuei a minha saga, tentando fazer o que era justo, enquanto a minha irmã, só para me irritar mais, insistia em dizer que eu estava me estressando à toa e que não era mais uma questão de justiça e sim de orgulho, pois a dívida já estava paga.
Mas para mim ainda não...
Se passaram mais uns 40 dias nessa batalha, até que após discutir com minha irmã ela me perguntou: Isso é realmente importante para você? Eu respondi afirmativamente e quando ia argumentar sobre o porquê, ela me interrompeu e disse:
- Então deixa comigo que eu resolvo isso de vez!
- E vai fazer o quê? Eu já tentei negociar, mamãe também. Não adianta, vou ter que contratar um advogado.
- Calma, deixa o advogado de fora. Eu não vou negociar... Você confia em mim?
- Confio.
- Então pronto.
Confesso que disse confiar com um certo frio na barriga. Conheço bem minha irmã e sei bem do que ela é capaz por nós, mas não a conheço o suficiente para saber do que ela não seria capaz por nós.
Cerca de umas duas três horas depois ela me ligou e disse:
- O pai da garota pagou. Deposito a grana na sua conta amanhã. Agora vê se esquece esse povo. Isso não é gente pra você andar.
Juro, fiquei muda do outro lado da linha. Eu estava nessa tensão há quase 4 meses, e em menos de 3 horas minha irmã resolveu tudo. Como? Quer dizer, como ela conseguiu essa proeza? Foi o que depois de alguns minutos eu consegui dizer.
E ela, laconicamente respondeu: Só pessoalmente.
Não dava pra acreditar que além de tudo ela me deixaria nessa curiosidade. Era uma quarta-feira. Sexta à noite eu estava na casa de minha mãe para ouvirmos da boca de minha irmã o que aconteceu naquelas quase três horas.
- Vai, conta logo! O que você fez para eles te pagarem?
E minha irmã calmamente disse:
- Eu vou contar, mas se alguém me criticar ou repreender, nunca mais contem comigo. (Ela era uma pessoa de palavra).
Assentimos com a cabeça e ela continuou.

-Bom, depois que eu falei contigo no telefone tive uma idéia. então peguei o carro e fui até o consultório do pai da garota e pedi pra falar com ele. Disse que era urgente e que precisava ser em particular.
A secretária dele não me conhecia e me levou para a sala dele enquanto o chamava. Dei um nome fictício para ele não desconfiar.
Quando ele entrou na sala e me viu, entendeu tudo e foi logo dizendo:
- Eu já falei o que tinha que falar com sua mãe e sua irmã. Eu não tenho tempo para  perder com isso. Minha filha fez a dívida, ela se responsabiliza. Eu não vou pagar nada.
Caro que se ele não o faria, ela menos ainda, pois a garota além de não trabalhar recebia mesada dele.
Perguntei a ele se essa era sua decisão final, se não queria repensar. Mas ele me respondeu claramente que não ia mudar de decisão.
Levantei-me dando um adeus, passei pela recepção acompanhada por ele, parei na porta e o vi cochichar algo com a secretária. A sala estava vazia.
Fui até o carro, peguei o brinquedinho do pai, que havia levado comigo e voltei para tentar negociar com a secretária, que é quem cuida do dinheiro das consultas. Cheguei perto dela e disse:
- Luciene, o doutor mandou eu pegar contigo quinhentos e dois reais e trinta e set centavos que a filha dele estava devendo pra minha irmã. Está aqui o envelope. Ah, e se puder ser em dinheiro e não em cheque eu agradeço.
Ela olhou pra minha cara, desconfiada, e disse: Ele não me disse nada, eu não poderei fazer o pagamento. Tenho que pedir autorização a ele.
- Ué, mas eu vi ele falando contigo quando saí. Você não deve ter ouvido direito, pois foi isso que eu combinei com ele. Pode me pagar que está tudo certo.
- Senhora, o que ele me disse foi que se a você aparecesse de novo que não era para chamá-lo. Você não é bem vinda neste consultório. Por favor, queira se retirar.
- Não quero me retirar não, sabe porquê? Por que neste exato momento decidi cobrar esta dívida com juros.
Peguei o brinquedinho do pai na bolsa e encostei na testa dela.
- Passa todas as notas altas que vc tiver aí ou eu atiro. Nada de cheque, só grana. Notas de cinquenta e de cem. Anda!
Ela ficou branca e desandou a chorar. Tremia que nem vara verde.
- Passa essa nota de 5 aí tb, vai, uma só. Essa que tá aí em cima.
Peguei a grana e voltei rapidão pro carro. Separei os quinhentos reais entre as notas de cem, botei o resto no envelope. Saí devagar com o carro e vi um moleque passando do outro lado da calçada. Chamei ele e perguntei se ele tava afim de ganhar dois reais para entregar um envelope com uns exames no consultório.
Ele disse que sim e correu até lá.
Continuei devagar com o carro até a esquina para ver se o moleque tinha feito tudo certinho. Vi o pai da garota sair na calçada e passei cruzando a rua. Dei uma buzinadinha e gritei: Tá aí o troco!
E pronto, foi assim que eu resolvi tudo, terminou a minha irmã, com a mesma calma que começou a contar a história.

Cara, eu fiquei arrepiada com o que ouvi. Nem sabia o que dizer. E se eles chamassem a polícia?
Mas minha irmã não pensou em nada disso quando fez aquela loucura. E por mais que argumentássemos sobre os riscos de sua atitude e as consequências, ela simplesmente sorria satisfeita e dizia:
- Ah! Deixa isso pra lá gente. Agora não há mais dívida.


Por Elita de Abreu, em 15/05/2012.

sexta-feira, 29 de junho de 2012

segunda-feira, 25 de junho de 2012

A Rosa também tem Espinhos

Plantei uma rosa em meu jardim
Para dela me enamorar
É uma rosa rubra, bonita
Por vezes tímida,
Por vezes exibida,
Uma rosa que me cativa.

Era a rosa mais linda,
Aquela que alegrava os meus dias.
A rosa dos ventos,
A rosa da vida.
Mas a rosa em sí,
Sentia-se sozinha.

Cansada de ser admirada apenas por sua beleza,
A rosa se retraia.
Se encondia por entre as folhas,
Não falava mais com as amigas,
Ficava quietinha, encolhidinha.
A rosa rubra esmorecia.

Um dia, cansado de ver aquela agonia,
Tentei entender de fato o que a rosa queria.
Mas ela pouco dizia,
Foi comigo muito fria.
Vê se pode uma rosa tão pequenina
Fazendo tamanha birra!

Mas o homem, orgulhoso que é,
Não entende o coraçao da mulher.
Com a rosa me enraivecí
E com um punhal tentei tirá-la dalí.
Segurei o botão com uma das mãos,
E antes de dar o golpe senti um espetão.

Olhei o sangue escorrer em minhas mãos,
Rubro como a rosa,
Quente como o coração.
Não esperava da rosa essa reação.
E em sua defesa a rosa disse:
Também tenho um coração.

Àqueles que me querem
E não respeitam o meu instinto,
Àqueles que me usam
E não percebem que abusam,
Àqueles que me ferem,
A estes mostro os meus espinhos.

Por Elita de Abreu.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

O Vento

Refresco matinal
Suspiro do Sol
Brisa mansa
Onde o corpo dança
Traz a chuva
Leva a tempestade
Seca a rua
Varre a cidade
Alivia o calor
Revira tudo, um terror!
Arrepia o pelo de frio
Provoca a rosa dando um assobio
Vento faceiro
Embaraçou o meu cabelo
Vento ligeiro
Vá buscar meu espelho!

Por Elita de Abreu.

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Frase da Noite XII

"A única diferença entre a raiva e o amor, é que a raiva não decepciona. De resto, são ambos possessivos, impulsivos e obsessivos."

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Realidade Distorcida

Lá vem ele
Dono da Verdade,
Senhor da Razão.
Esqueceu de crescer,
Esqueceu de merecer
A atenção e a subordinação
À sua opinião.
Vive crente em sua contradição,
num mundo cheio de preconceitos,
onde reina a sua exceção.
Diz-se livre,
de mente e atos livre,
implora pela sua liberdade,
Mas impõe as suas vontades.
Levanta a voz para ser ouvido,
Ignora o que o outra possa estar sentindo,
Agride o indivíduo: Eu estou sempre certo!
O seu mundo é de fantasias
Onde a realidade
É ele quem delinia.
Vai ter que aprender
Que os outros também podem inventar a sua própria vida
Que ao seu redor também há,
quem da sua própria sina,
Senhor se sinta,
E que respeito não é condição,
É obrigação!

Por Elita de Abreu.

domingo, 10 de junho de 2012

"In the end,

We will conserve
only what we love,

We will love
only what we understand,

We will understand,
only what we are taught."

Gabs Diourh
Senegalese Conservationist.

Li isto hoje, numa parede de um aquário em Galveston, e simplismente achei lindo... O lugar também era lindo, e essas palavras me tocaram diante de tanta beleza, de tanta sabedoria vinda da mãe Natureza.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Frase da Noite XI

"Sempre tive problemas com autoridades. Não gosto que me digam o que fazer."
Christopher Soghoian, 30, super-hacker - Folha de São Paulo, 28/05/2012.

Eu também...

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Frase da Noite X

"Seja o que Deus quiser uma ova. Ele não nos deu livre arbítrio?! Então que seja o que eu quiser".

quarta-feira, 9 de maio de 2012

terça-feira, 8 de maio de 2012

Fim de Jogo

Zero a zero no placar,
Começa a partida.
O juiz tirou na sorte quem ia dar o primeiro chute 
Fui a escolhida 
Ambos os lados na defensiva
Ninguém atacava
Ninguém se mexia
Um chute aqui
Outro acolá, 
Não saia do meio de campo,
Pra desanimo da torcida.
Muitos queriam um empate.
Desde o técnico até o bandeirinha,
Ninguém apostava numa final decisiva.
Até que pinta o primeiro cartão vermelho.
Opa, disse o juiz, isso é impedimento!
O time de cá parte pro ataque,
O de lá prefere a defensiva.
De quando em quando pega um rebote,
Parte pra cima,
Mas o adversário é durão,
E logo se desanima.
Um olé daqui,
Um drible acolá,
Até que sai o primeiro gol,
Pra delírio da torcida.
Hora de reagir, 
de dar o troco,
O time de lá se coloca no contra ataque
E no primeiro vacilo,
Quebra o salto do timeco de araque.
Mas não marca nenhum gol,
Apenas avisa: vai ter troco,
Bando de Maria Butina!
Segue o jogo.
Os times estão cansados.
E ao fim do segundo tempo,
Ambos já esgotados,
Pênalti! 
Apita o juiz com o rosto suado.
E ali, aos 45 minutos do segundo tempo,
Sai o gol de empate.
E chega ao fim a partida
Não foi um amistoso,
Tão pouco uma pelada.
Não havia raça,
Nem gana,
Nem taça.
Foi um duelo amador,
Sem vencedor,
Sem perdedor.
Ao final, todos foram pra casa e pronto,
Fim de jogo.

Por Elita de Abreu.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Frase da Noite VIII

"Acredito piamente que a nossa Felicidade depende de nós e que é uma estupidez completa achar que ela está, ou virá de outrem. Mas daí acreditar que seremos felizes sozinhos já é muita prepotência. É obvio que a nossa felicidade (melhor seria dizer bem estar) também depende dos que nos cercam."

sábado, 28 de abril de 2012

Frase da Noite VII

"Devíamos nos importar mais em nos convencer, do que perder o nosso tempo tentando convencer aos outros daquilo que gostaríamos de acreditar."

quinta-feira, 26 de abril de 2012

A volta dos que não foram

De vez em quando eles reaparecem,
Geram uma expectativa tremenda,
E somem logo em seguida.
Como se não soubéssemos que era exatamente isso o que iriam fazer.
(Sabíamos?
Não! Nunca o sabemos, pois nos enchemos de esperança).
 Repetimos em voz alta:
- Que se danem! Nada é mais como antes. São apenas fantasmas.
Mas acreditamos, ainda que lá no fundindo.
E eles sempre vêem e vão.
Nunca pra ficar,
Sempre pra voltar.
Não vão nem ficam de vez,
E nem tem hora pra passar.
Passageiros com certeza não o são.
 Frutos de nossa cativação,
 De natureza rebelde,
 (eu diria própria)
À mercê da vida,
Numa busca de sem destino.
Seu destino é incerto,
Em desatino com o que nos é concreto:
A falta que nos faz quando tomamos consciência de sua ausência.
Nada mais.
A esperança se desfaz.
Todo aquele sentimento fica pra trás.
Já nem me lembro mais.
 (Mas ai... Que falta que me faz.)

 Por Elita de Abreu.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Frase da Noite VI

"A esquizofrenia é apenas uma questão de posse. Enquanto a realidade é uma insanidade de todos, a esquizofrenia é a loucura de um só. Basta que você convença mais um da sua loucura para deixar de ser esquizofrênico e virar uma seita."

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Nuances da Vida III

Não era a primeira, nem a segunda tentativa.
As anteriores foram frustradas,
Mas desta vez ele acertaria.
O cheiro de desgraça pairava no ar.
A morte rondava o meu lar.
Um anjo tentou nos avisar.
Parava na porta todo dia ao meio dia.
Só eu o via.
Coisa de criança minha mãe dizia.
E então o anjo desaparecia.
Foi assim por uma semana.
Até que ele voltou e à mesa se sentou para jantar.
Gritaria,
Eloqüência,
Ameaças...
Enlouquecia!
Tomou o garfo nas mãos e veio para cima.
Susto,
Correria,
Todos para a casa da vizinha.
No meio daquela agonia ele olhou-me nos olhos e disse: FICA!
Eu estava assustada.
Saí fugida.
Noite calma,
Um pouco fria.
O vi de costas a caminhar pela rua conversando com o vizinho.
Meu sono foi tranquilo.
Acordamos sozinhas no dia seguinte.
Nada dela,
Nada dele.
Só a vizinha.
Meu instinto não falhava.
Algo acontecia.
O dia estava ensolarado,
Como muitos outros dias.
E era de se esperar,
Que como em todas as outras vezes,
Tudo se resolveria.
Foi quando ela chegou cinza,
Estarrecida,
Quase sem vida.
Olhou-me nos olhos e disse: FILHA!
Não pude ouvir o que dizia.
Meu íntimo já sabia.
Naquela noite meu pai se mataria.

Por Elita de Abreu.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Placebo

Há algumas semanas atrás, depois do almoço com uma amiga, bateu uma vontade indescritível de comer um doce ( só para registrar, isso é raro acontecer comigo, pois nunca fui muito chegada em doce).
Minha amiga, que estava de dieta ( elas sempre estão neh?!) hesitou, mas ao entrarmos numa doceira e ver que tinha brigadeiro light ela acabou cedendo.
Aparentemente a diferença entre o brigadeiro normal e o light, era, além do preço (1 real mais caro que o normal) é que ele era quase a metade do tamanho do normal.
Pedi um de cada para experimentar e ver se tinha difrença no gosto, mas não percebi nada.
Curiosa com a receita do brigadeiro light perguntei à balconista se ela sabia desta e poderia me passar.
E qual não foi a minha surpresa quando ela respondeu, de forma simples, clara, objetiva e digamos... Um tanto quanto óbvia:
- Não tem diferença nenhuma! É o mesmo brigadeiro, só que em tamanho reduzido. Metado do tamanho, metade das calorias!
Sério, tive um acesso de riso na frente da mulher e vi minha amiga ficando put@&$%#€£¥!!!!
Aí então fiz outra pergunta, de resposta óbvia, mas que tinha que ser feita:
- Se é a mesma receita, apenas com metade do tamanho, porque o brigadeiro light custa mais caro? Não deveria ser a metade do preço?
Mas a resposta não foi tão obvia quanto eu esperava:
- A gente põe o preço mais caro justamente pra que quem estiver de dieta coma menos. Se não bater o remorso pelo ato, acaba batendo pelo bolso.
Tá aí, solução esperta para as viciadas em dietas ou que querem emagrecer: coma em restaurantes mais caros. Aposto que nestes a salada será o prato mais barato hahahaha...
Isso é Brasil!


Por Elita de Abreu.

sábado, 31 de março de 2012

Frase da Noite IV

Conjugando o verbo fazer num bar:
"É que como a gente nunca faz, aí fica querendo não fazer. Porque se fizesse, faria". ( Realmente!)

quarta-feira, 28 de março de 2012

Criatura

É tão pequena a criação
Diante de tanta mutação.
O Senhor nos fez do barro,
Transformou o pó em matéria.
Da costela da matéria
O seu complemento.
E da união, de uma mesma matéria,
Transmutada,
Nasce a prole.
Reprodução,
Produção,
Criação,
Mutação,
Mimetização.
Somos cria e Criador,
Soltos,
Sem destino,
Em busca de nosso Livre Arbítrio.

Por Elita de Abreu.

quinta-feira, 15 de março de 2012

segunda-feira, 12 de março de 2012

Não tem preço...

Passagem Rio-Campinas: R$119,00
Translado Viracopos-Rodoviária: R$10,00
Meia-entrado para o Musical Cabaret: R$45,00
O melhor cachorro-quente do mundo: R$5,00
Seus amigos te zuando porque seu nariz ficou sujo de purê de batata: NÃO TEM PREÇO!!!

Má, Toro, amo vcs!!!

Plenilúnio

Noite a pino,
depois de um cabaret,
pouco acima do horizonte,
Ela, magnífica, reluzia.
Não houve raios,
nem trovões,
que a seu brilho
esmorecia.
A Lua no interior paulista
continua sendo a mais linda!

Por Elita de Abreu.

quinta-feira, 8 de março de 2012

Frase da Noite I

Já passei da idade de quem bebe e faz loucuras.
Estou na idade de quem as faz sem beber.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Sobrevida

Calma,
vou me esgueirando,
nos amores sordidos,
à espera do amanhã,
dos sonhos dourados.
De tanto me arrastar
definhando a ponto de desmaiar.
sentar-me-ei a Sua sombra,
um não-ser,
a suplicar,
na avidez de sobreviver.

Por Elita de Abreu, em 01/07/2011.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

A Muralha

Pedras e mais pedras,
Muitas delas a se somar.
As que encontro em meu caminho,
E com muito suor consigo tirar.
Em algumas tropeço,
Chego a sangrar.
Mas coleciono todas elas,
Nenhuma fica para trás.

Pedras, muitas pedras,
Todas elas em um só lugar.
Me atiram dia a dia,
Duas ou três, só pra começar.
Cada pedra uma cicatriz,
Que é pra sempre dela eu me lembrar
Humildemente junto todas elas,
Uma a uma estou a guardar.

Pedras, quantas pedras
Estou eu a empilhar.
Não importa quantas me atingem,
Nem as que consigo desviar.
Seleciono uma a uma
Coloco-as em seu devido lugar.
Que um dia hei de construir um muro
Para de futuras pedras me abrigar.

Por Elita de Abreu.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Lua Cheia

A lua cheia
ontem estava borrada
Um Monnet
anuncioando o início da alvorada


Cintilante,
pincelava no céu da noite,
tons de âmbar
roubados do lusco-fusco distante.


Nela pensava eu,
ayer,
Sem qualquer formalidade,
relaxada,
solta,
trazendo à tona os momentos antes,
cobranças e ternuras.


Tão longe,
Tão perto,
Equidistantes...

Por Elita de Abreu.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Composto

Descompostura
Com postura.
Me decomponho
Em mil texturas.
Cada uma
Uma aposta,
Um descompasso,
Uma conjectura.
Dez eu passo.
O resto não
Há alma que atura.
Mas meu Deus,
quanta loucura!
Será que não posso
Ser apenas uma?

Por Elita de Abreu.

domingo, 22 de janeiro de 2012

Oh Salgueiro Chorão!

Oh Salgueiro Chorão!
Por que choras em vão?
Se é pela chuva,
Não percas tempo,
Pois com o vento passa.
Se for pelo Sol,
A noite o consola,
Pois a Lua volta.
Oh Salgueiro Chorão!
Responda-me então,
Se não é em vão
Por que tanto choras
Oh Salgueiro Chorão!

Por Elita de Abreu, em 1998.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Suicídio

Despeço-me aqui da vida
Porque está muito sofrida
Vou-me para o Infinito
Onde tudo é mais bonito.

Despeço-me aqui da vida
Porque não sou mais querida
Vou-me para a Eternidade
Onde há felicidade.

Despeço-me aqui da vida
Porque estou muito ferida
Vou-me para o Paraíso
Onde tudo será riso.

Despeço-me aqui da vida
Porque já não sou temída
Vou-me para muito longe
Onde me tornarei um monge.

Despeço-me aqui da vida
Porque fiquei sem saída
Vou-me antes que seja tarde
Onde não me chamarão covarde.

Despeço-me aqui da vida
Pois não há mais meios desta ser vivida
Vou-me embora com a morte
Onde não dependerei da sorte.

Despeço-me aqui da vida
Porque serei esquecida
Vou-me com uma escolta
Onde sei, não terei volta.

Por Elita de Abreu, em 06/10/1999.

Rega a Dor

Rega regador
Rega a flora
Rega a flor
Rega a vida
Rega o amor.

Rega regador
Libera a água
Limpe a dor
Apague essa cicatriz
Encha-a de cor.

Rega regador
Que não vejo em meu jardim
Mais nenhum beija-flor
Que a alegria é garantida
Quando este breu se for.

Rega regador
Não espere a chuva
Nem o choro do ator
Pois meu peito está bramindo
Necessitando de calor.

Rega regador
Pois a morte se aproxima
Num suspiro de temor
Que talvez eu me liberte
Assim que o sol se pôr.

Rega regador
Solte suas garras
E me rasgue com torpor
Quebre logo esta máscara
Que não tem brilho nem teor.

Rega regador
Abranda o meu anseio
Faz de mim o teu senhor
Que almejo a vitória
E que a clamo com vigor.

Rega regador
Tira da minha mente
Esse terror
Que com idéias insandecidas
Foi tomada pelo terror.

Rega regador
Lave minha alma
Seja meu Pastor
Que cansei de ouvir a fúria
Desse hino insurdecedor.

Rega regador
Acaba com este pranto
Que a mim fez seu cantor
Leva longe a trsiteza
Que de mim faz morador.

Rega regador
Que longe deste lamúrio
Sou apenas um orador
Que minha boca sente o gosto,
Mas não sente o sabor.

Rega regador
Pois o dia já vai indo
Arrastado num trator,
Sem força, sem destino,
devagar com o andor.

Rega regador
Só de ar não sobrevivo
Dê-me um trago desse licor
Pois hoje sei,
Sou sofredor.

Por Elita de Abreu, em 13/10/2004.

domingo, 15 de janeiro de 2012

O Pirata sem destino

Era uma vez
Um Pirata solitário
Que navegava errante
Pelos imensos e misteriosos
Mares das almas.
Sempre atento,
Com seu binóculo de longo alcance,
A tudo enxergava,
De sua visão
nada escapava.
Mas um belo dia,
Este marinheiro que à beira mar descansava
Teve seu silêncio quebrado
Por uma mensagem na garrafa.
Acabara seu sossego,
Outros mares o chamavam.
Cansado dos anos passados,
Descrente do amor
E da magia
O Pirata retorna à embarcação 
Rumo aos mares de um jovem coração.
Perdido neste novo labirinto
As pistas vinham em forma de poesia
E não bastava ler com os olhos,
Mesmo os de alta resolução.
Para encontrar a saída
Era preciso ler com a alma,
Sentir o caminho com o coração.
Em cada nuance, em cada metáfora,
Estava alí a sua salvação.
E cada vez mais o solitário marinheiro se perdia,
Pois teimoso, 
Insistia em não crer no que via.
Os Deuses, então enfurecidos,
Se reuniram para lhe dar um castigo.
Seus olhos queriam cegar,
Para que com a alma 
ele aprendesse a enxergar.
Mas Afrodite não concordou,
Achou muito duro o castigo
E um de seus olhos salvou.
Triste e sozinho,
O marinheiro se reclusou
E entre garrafas e pergaminhos
Uma pista perdida encontrou.
Com seu único olho agora,
Leu, releu e quase entendeu.
Afrodite, que estava prestes a ser sacrificada
Suspirou
E aos Deuses seu plano revelou.
Entusiasmados com o ocorrido,
Em ver o marinheiro
Acreditando, sentindo
Decidiram mudar o seu destino.
Um tapa olho mágico lhe enviaram
E no descansar do olho cego
Sob o amor de cada fio
Sua visão aos poucos devolveriam.
- Mas olha que contradição,
Depois de aprender a ver com o coração 
O Pirata não precisará ter de volta a sua visão!
Protestou Afrodite.
Helena tomou a palavra:
- Minha cara Nefertite,
Com o amor enxergamos o caminho,
Mas é com os olhos que vemos
Os obstáculos e os perigos.
Quem só com os olhos vêem ,
Vive perdido, 
temendo os perigos.
Quem só com o coração enxerga,
Cego fica, 
Preso nas armadilhas do Destino.
E assim tudo ficou resolvido.
O Pirata solitário
Estava absolvido.
Voltara a seu barco a vela,
Para desvendar os mares do destino.

Por Elita de Abreu .