domingo, 22 de janeiro de 2012

Oh Salgueiro Chorão!

Oh Salgueiro Chorão!
Por que choras em vão?
Se é pela chuva,
Não percas tempo,
Pois com o vento passa.
Se for pelo Sol,
A noite o consola,
Pois a Lua volta.
Oh Salgueiro Chorão!
Responda-me então,
Se não é em vão
Por que tanto choras
Oh Salgueiro Chorão!

Por Elita de Abreu, em 1998.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Suicídio

Despeço-me aqui da vida
Porque está muito sofrida
Vou-me para o Infinito
Onde tudo é mais bonito.

Despeço-me aqui da vida
Porque não sou mais querida
Vou-me para a Eternidade
Onde há felicidade.

Despeço-me aqui da vida
Porque estou muito ferida
Vou-me para o Paraíso
Onde tudo será riso.

Despeço-me aqui da vida
Porque já não sou temída
Vou-me para muito longe
Onde me tornarei um monge.

Despeço-me aqui da vida
Porque fiquei sem saída
Vou-me antes que seja tarde
Onde não me chamarão covarde.

Despeço-me aqui da vida
Pois não há mais meios desta ser vivida
Vou-me embora com a morte
Onde não dependerei da sorte.

Despeço-me aqui da vida
Porque serei esquecida
Vou-me com uma escolta
Onde sei, não terei volta.

Por Elita de Abreu, em 06/10/1999.

Rega a Dor

Rega regador
Rega a flora
Rega a flor
Rega a vida
Rega o amor.

Rega regador
Libera a água
Limpe a dor
Apague essa cicatriz
Encha-a de cor.

Rega regador
Que não vejo em meu jardim
Mais nenhum beija-flor
Que a alegria é garantida
Quando este breu se for.

Rega regador
Não espere a chuva
Nem o choro do ator
Pois meu peito está bramindo
Necessitando de calor.

Rega regador
Pois a morte se aproxima
Num suspiro de temor
Que talvez eu me liberte
Assim que o sol se pôr.

Rega regador
Solte suas garras
E me rasgue com torpor
Quebre logo esta máscara
Que não tem brilho nem teor.

Rega regador
Abranda o meu anseio
Faz de mim o teu senhor
Que almejo a vitória
E que a clamo com vigor.

Rega regador
Tira da minha mente
Esse terror
Que com idéias insandecidas
Foi tomada pelo terror.

Rega regador
Lave minha alma
Seja meu Pastor
Que cansei de ouvir a fúria
Desse hino insurdecedor.

Rega regador
Acaba com este pranto
Que a mim fez seu cantor
Leva longe a trsiteza
Que de mim faz morador.

Rega regador
Que longe deste lamúrio
Sou apenas um orador
Que minha boca sente o gosto,
Mas não sente o sabor.

Rega regador
Pois o dia já vai indo
Arrastado num trator,
Sem força, sem destino,
devagar com o andor.

Rega regador
Só de ar não sobrevivo
Dê-me um trago desse licor
Pois hoje sei,
Sou sofredor.

Por Elita de Abreu, em 13/10/2004.

domingo, 15 de janeiro de 2012

O Pirata sem destino

Era uma vez
Um Pirata solitário
Que navegava errante
Pelos imensos e misteriosos
Mares das almas.
Sempre atento,
Com seu binóculo de longo alcance,
A tudo enxergava,
De sua visão
nada escapava.
Mas um belo dia,
Este marinheiro que à beira mar descansava
Teve seu silêncio quebrado
Por uma mensagem na garrafa.
Acabara seu sossego,
Outros mares o chamavam.
Cansado dos anos passados,
Descrente do amor
E da magia
O Pirata retorna à embarcação 
Rumo aos mares de um jovem coração.
Perdido neste novo labirinto
As pistas vinham em forma de poesia
E não bastava ler com os olhos,
Mesmo os de alta resolução.
Para encontrar a saída
Era preciso ler com a alma,
Sentir o caminho com o coração.
Em cada nuance, em cada metáfora,
Estava alí a sua salvação.
E cada vez mais o solitário marinheiro se perdia,
Pois teimoso, 
Insistia em não crer no que via.
Os Deuses, então enfurecidos,
Se reuniram para lhe dar um castigo.
Seus olhos queriam cegar,
Para que com a alma 
ele aprendesse a enxergar.
Mas Afrodite não concordou,
Achou muito duro o castigo
E um de seus olhos salvou.
Triste e sozinho,
O marinheiro se reclusou
E entre garrafas e pergaminhos
Uma pista perdida encontrou.
Com seu único olho agora,
Leu, releu e quase entendeu.
Afrodite, que estava prestes a ser sacrificada
Suspirou
E aos Deuses seu plano revelou.
Entusiasmados com o ocorrido,
Em ver o marinheiro
Acreditando, sentindo
Decidiram mudar o seu destino.
Um tapa olho mágico lhe enviaram
E no descansar do olho cego
Sob o amor de cada fio
Sua visão aos poucos devolveriam.
- Mas olha que contradição,
Depois de aprender a ver com o coração 
O Pirata não precisará ter de volta a sua visão!
Protestou Afrodite.
Helena tomou a palavra:
- Minha cara Nefertite,
Com o amor enxergamos o caminho,
Mas é com os olhos que vemos
Os obstáculos e os perigos.
Quem só com os olhos vêem ,
Vive perdido, 
temendo os perigos.
Quem só com o coração enxerga,
Cego fica, 
Preso nas armadilhas do Destino.
E assim tudo ficou resolvido.
O Pirata solitário
Estava absolvido.
Voltara a seu barco a vela,
Para desvendar os mares do destino.

Por Elita de Abreu .