sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Você já parou pra não pensar?

Excelente texto do querido amigo Mauricio Redaelli

Eu queria ser capaz de silenciar todo esse ruído mental, que me distrai e me afasta da minha essência.

Eu gosto de imaginar que eu vivo dentro de uma bolha de sabão bastante reflexiva, mas que deixa passar alguma luz de fora. Quando eu olho em qualquer direção, eu vejo uma imagem misturada do mundo com o meu reflexo – e ele raramente tem a minha forma original. São projeções distorcidas pelo ego e pelas expectativas, sempre capazes de me iludir, sempre flertando com a minha eterna vontade de ser iludido. E tudo o que constitui essa sofisticada casca esférica é o meu pensamento.

Essa bolha me isola do mundo, porque eu não o sinto inteiro através de um filtro tão complexo. Essa bolha me isola de você, porque você também vive na sua sofisticada casa redonda.

Seguindo essa ideia maluca de como funciona o nosso pensamento, é simples concluir que todos nós estamos isolados uns dos outros. O que eu vejo de você é uma projeção de si na sua própria bolha, cuja imagem distante chega fraca e sem foco na minha bolha. Essa imagem somente será percebida por mim depois de ser filtrada e convoluída com tudo o que eu projeto na minha própria tela esférica de sabão e ilusões. Pra mim você praticamente não existe como essência, como ser único e pleno, embora eu goste de pensar que sim. E eu realmente gosto, não pense que é só da boca pra fora. Mas é essa vontade de tornar você real e próximo e inteiro que me afasta de quem você realmente é.

E eu? Bom, eu também praticamente não existo como essência enquanto estiver viciado em pensar.

Todo esse ruído mental me desconecta de mim mesmo, exceto quando paro de pensar – mas parece impossível controlar essa chave de liga e desliga. Felizmente, ela pode ser acionada automaticamente, como quando praticamos esportes absurdamente radicais, quando estamos no ápice do prazer sexual ou quando usamos certas drogas. E certamente há outros momentos inimagináveis em que paramos de pensar e nos sentimos incrivelmente bem – momentos extrememanete viciantes. Mas há meios mais sutis de conquistar toda essa paz mental, como a meditação. E há uma construção de hábitos mentais que nos acalmam a um ponto quase tão prazeroso quando o silêncio, e que nos colocam de frente para a vida cheios de energia, despidos de medos e culpas, com aquela aceitação gostosa de que só existe o presente – e não há nada melhor do que viver inteiro no presente.

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