quarta-feira, 11 de abril de 2012

Nuances da Vida III

Não era a primeira, nem a segunda tentativa.
As anteriores foram frustradas,
Mas desta vez ele acertaria.
O cheiro de desgraça pairava no ar.
A morte rondava o meu lar.
Um anjo tentou nos avisar.
Parava na porta todo dia ao meio dia.
Só eu o via.
Coisa de criança minha mãe dizia.
E então o anjo desaparecia.
Foi assim por uma semana.
Até que ele voltou e à mesa se sentou para jantar.
Gritaria,
Eloqüência,
Ameaças...
Enlouquecia!
Tomou o garfo nas mãos e veio para cima.
Susto,
Correria,
Todos para a casa da vizinha.
No meio daquela agonia ele olhou-me nos olhos e disse: FICA!
Eu estava assustada.
Saí fugida.
Noite calma,
Um pouco fria.
O vi de costas a caminhar pela rua conversando com o vizinho.
Meu sono foi tranquilo.
Acordamos sozinhas no dia seguinte.
Nada dela,
Nada dele.
Só a vizinha.
Meu instinto não falhava.
Algo acontecia.
O dia estava ensolarado,
Como muitos outros dias.
E era de se esperar,
Que como em todas as outras vezes,
Tudo se resolveria.
Foi quando ela chegou cinza,
Estarrecida,
Quase sem vida.
Olhou-me nos olhos e disse: FILHA!
Não pude ouvir o que dizia.
Meu íntimo já sabia.
Naquela noite meu pai se mataria.

Por Elita de Abreu.

2 comentários:

Liberdade de Expressão, exerça a sua!