quarta-feira, 22 de junho de 2011

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"Azul é a cor do céu,
azul é a cor do mar.
Se o infinito desenhar,
use azul para pintar."


Por Elita de Abreu.

Tudo Passa

Na miha vida
tudo é passagem
e as pessoas que amo
passageiras.

Ainda menina
acostumei-me às perdas.
Aprendi cedo:
da vida sou passageira.

Todos aqueles cuja alma
tive certeza ser gêmea,
não diferente das outras (e eu sempre soube disso)
em minha vida foram passageiras.

E assim a vida vai passando,
por ela vou passeando,
de passagem pelas paisagens,
a espera dos passageiros.

Por Elita de Abreu.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

À Deriva

Não tenho laços,
não tenho lastro,
navego sem direção,
com um bocado de lembranças no bolso
e ao meu lado a solidão.
Companheira de todas as horas,
nunca me deixou na mão.
Não importa pra onde eu fosse,
ela sempre esteve alí, de prontidão.
Porque eu não tenho laços,
não tenho lastro,
e navego sem direção.

Por Elita de Abreu.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Eclipse

Se antes sol,
hoje chuva.
Dias indecisos,
calados, nublados, cinzentos,
numa bipolaridade de humores
entre sorrisos de canto,
brechas de raios iluminados entre as nuvens,
e choros repentinos,
repletos de saudades,
respingando na fina e fria chuva.
As vezes são horas de maresia pálida,
anunciando uma tempestade
que não se sabe se vai vir.
Olho da janela, sob a mesma apatia,
e às primeiras lágrimas
vejo flores se abrirem lá embaixo.
Mas mesmo assim os dias não se alegram,
pois a maioria das pétalas são tão negras,
quanto o céu que se estende sobre elas.
Enfim chega a noite,
e alí, na ausência de luz,
na penumbra da escuridão,
o céu pôde desabar
todas as lágrimas que tinha pra chorar.

por Elita de Abreu.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Ou Isso Ou Aquilo

- Mas ele disse isso?
- Não, não disse...mas é.
- Como você sabe?
- Ué, porque ele não disse isso. Você diria isso?
- Mas você não perguntou isso a ele?
- Perguntei, mas não diretamente.
- Oras, mas se você não foi direta talvez ele não tenha dito isso porque não entendeu que era isso que você queria saber, se é que foi isso mesmo...
- Eu tenho certeza que foi isso, ele não disse mas foi.
- Não é melhor perguntar de novo?
- De novo?
- É, pergunta de novo.
- Eu não posso fazer isso, não posso simplismente ir lá e perguntar isso a ele.
- Mas você já não fez isso indiretamente?
- Não, eu deduzi que era isso.
- Tem certeza disso?
- Claro, porque você está duvidando disso?
- Não é disso que tenho dúvida, só quero saber se é isso mesmo.
- Isso o quê?
- Isso o que ele disse!
- Já falei que ele não disse nada disso. Logo só pode ser isso.
- Hum... Não sei não, mas ainda acho que pode ser aquilo...

Por Elita de Abreu.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Flor de maio

A flor que é tão bela,
a flor em fina cor,
rubra, alva, rosa,
és tu oh minha flor!
Um botão tão singelo,
como tu não há igual,
pétala por pétala a despertar
num desabrochar de encanto,
cores e odores.
Tento lhe alcançar,
mas se arma contra mim,
seus espinhos disfarçados,
em meus dedos ao tocar
fazem transbodar
a rubra cor que corre em mim
Mas caprichosa que o é,
me hipinotiza,
me faz te amar mesmo assim
Fico de longe a te observar
resplandecente à luz do luar,
resistente ao vento, à chuva,
a seca, ao meu lamento
Mas é chegada a sua hora,
e vai-se embora com o tempo
pétala por pétala
caindo, se desfazendo,
me deixando sem alento
Antes tivesse eu a fotografado,
teria comigo uma bela lembrança
uma linda paisagem.
Oh linda rosa!
Assim eu o quiz,
sua história, sua memória
que com a aurora chega ao fim.
Flor de maio é chegado junho,
Flor de maio esse é o nosso fim.

Por Elita de Abreu.