segunda-feira, 26 de abril de 2010

A mão que balança o berço X O crime do Padre Amaro


Recentemente a mídia vem destacando vorazmente o crimes de pedofilia cometidos pela igreja católica e o caso da babá que agrediu e abusou sexualmente de uma crinaça de 7 meses (o que também enquadra-se no ato de pedofilia). Tenho acompanhado muitas reportagens sobre o tema, debates e discussões na internet e cada vez mais fico chocada com o que leio e ouço, por isso resolvi registrar aqui a minha indignação.
Ora ora, não é de hoje que crimes como estes são cometidos pela sociedade sem que nenhuma providência seja tomada, apenas falácias, demagogia, hipocrisia e preconceito deliberado. Ainda não li uma matéria sobre o assunto que atingísse de fato âmago da questão e analisásse-a friamente, sem todo o sentimentalismo e moralismo imposto pela sociedade.
Em um debate sobre o tema, na rede MTV, uma estatística mambembe foi feita demostrando de uma forma bem simplória o número de casos de pedofilia na igreja em comparação com o número de casos de pedofília na sociedade como um todo, sugerindo que há mais casos de pedofilia na sociedade que dentro da igreja católica.
Embora não seja católica e nem esteja aqui para defender nehuma bandeira, esta estatística me parece conveniente, uma vez que psicólogos e psiquiátrias da Organização Mundial de Saúde (OMS), afirmam que a pedofilia é classificada como uma desordem mental e de personalidade do adulto, e também como um desvio sexual. Sendo assim nada teria a ver com o Celibato.
Não teria e não tem a ver, uma vez que há também casos de pedofilia que vieram à tona, em outras ceitas religiosas com o caso do Pastor de uma Igreja Evangélica (que não pratica o celibato), Ronaldo Ennes Euzébio. Outro fato a ser destacado é que em menos de quinze dias explodiu na mídia dois casos de pedofilia não cometidos por padres: O caso da babá que abusou do bebê de 7 meses e o caso do psicopata que abusou sexualmente e matou 6 adolescente no interior de Goiás, lembrando que este foi reincidente no crime.
Fazendo um crítica aos comentários ,digamos que desinformados, sobre o tema, os quais tenho lido recentemente, também não dá pra dizer que a causa da pedofilia é a condição socio-cultural nem o baixo salário que as babás recebem, pois temos ainda, ao longo dos anos muitos outros casos de pedofilia cometidos por pessoas de classe média-alta, de alto nível cultural, como por exemplo o caso do austríaco Josef Fritzl que chocou o mundo.
Outros comentários que vem me tirando do sério são as punições, em sua maioria preconceituosas, que são sugeridas pelos "cidadãos" como pena de morte, tortura, perseguição, prisão perpétua, etc. Reforçando o que diz a OMS, pedofilia é uma doença que não escolhe nichos, logo não pode ser apenas tratada como um crime que agride a sociedade e nem com preconceito, mas sim com ajuda médica: tratamento psicológico/psiquiátrico, caso contrário não haveriam reincidentes no crime. No entanto ainda não há no Brasil uma estatística realista sobre os casos de pedofilia, já que o tema é delicado e muitos não fazem denúncia, e nem todas as denúncias entram para uma estatística. Também não há um estudo aprofundado que possa determinar o perfil de um pedófilo para posterior tratamento. Aqueles que estudam psicologia e/ou psiquiatrária sabem o quão difícil é traçar um perfil psicológio em casos de distúrbios da mente. Para aqueles que não são da área recomendo o livro MENTES PERIGOSAS: O PSICOPATA MORA AO LADO - Ana Beatriz Barbosa Silva, onde é retratado um pouco da dificuldade em se detectar características psicopáticas e mais ainda em se afirmar um caso de psicopatia.
Finalmente, os comentários que mais me deixaram indignada, foram aqueles que sugerem, com outras palavras, que os pais são culpados pelos atos de pedofilia cometidos contra seus filhos, por não ficarem em casa cuidando destes e sim deixá-los nas mãos de babás ou mesmo na igreja, para irem trabalhar. Não, sério dá para acreditar que alguém teve a coragem de expor um comentário desses!!! Cara em que mundo as pessoas vivem? Acho que não é o mesmo que o meu...Há muitos e muitos casos de pedofilia e abuso sexual dentro de casa, cometido pelos próprios pais e/ou familiares, não só de pedofilia, como de agressão física/moral/sexual, entre outros crimes e, na verdade, estes são os casos mais difícies de virem à tona e de serem resolvidos, pois há não só toda uma questão familiar por trás, mas também uma coação das vítimas a sofrerem caladas, como o próprio caso do austríaco citado acima. Para aqueles que não se lembram, ele manteve a própria filha presa por 24 anos, abusando sexulamente dela e agredindo-a.
Eu concordo que os pais hoje em dia tem deixado a educação dos filhos nas mãos de terceiros, mas não podemos culpá-los por isso. Você desconfiaria que seu filho corre risco de ser abusado sexualmente ao sair de casa para trabalhar e deixá-lo na igreja para aprender os ensinamentos de Deus? Ou melhor, Você desconfiaria que seu filho corre risco de ser abusado sexualmente ao sair de casa para trabalhar e deixá-lo com o pai? Essa relação não é linear, como disse anteriormente, pedofilia é uma doença, não dá pra viver desconfiado desse jeito. O que falta aos pais, em geral, é uma maior atenção ao comportamento dos filhos, pois estes tipos de abuso deixam marcas físicas e psicológicas na criança. Um pai presente, ou seja, um pai observador percebe quando há algo de diferente com o seu filho por mais sutil que seja essa mudança, mas não dá pra vigiar ninguém 24 horas, embora hoje os recursos para isso sejam muito maires que no passado, e mesmo com toda a tecnologia que temos hoje, não há Big Brother sem edição. E se a culpa realmente fosse dos pais que saem para trabalhar e deixam seus filhos com babás, em escolas, ou mesmo na igreja, como é que se explicaria os casos de pedofilia cometidos no passado, quando a mulher ficava em casa cuidando do lar e da familia?
Por fim, a mensagem
que gostaria de deixar aqui é que: sim é saudável e natural que as pessoas tenham opiniões e visões diferentes sobre um determinado tema, que defendam a sua verdade, mas antes de atacar uma classe toda, de insuflar o preconceito e de apontar os culpados, pelo menos analisem friamente o assunto, leiam sobre o tema, busque as raizes do problema, ao invés de comprarem a idéia de terceiros e saírem falando um bando de bobagens, ridicularizando ainda mais a "elite penasante" brasileira, que tem acesso a livros, TV, jornal e internet, ao fazer esses comentários, neh?!
Por favor, se você acha que os pais tem que parar de trabalhar para poder ter filhos, ter mais critério ao escolher a babá, investigar o histórico do padre, pastor ou qualquer outro guia religioso, antes faça uma análise crítica de sí mesmo e veja qual foi o critério que usou ao levantar qualquer bandeira e defendê-la. É o mínimo que um cidadão pode fazer!

terça-feira, 13 de abril de 2010

Elita no País das Maravilhas

Ontem, terminando de ler "AS AVENTURAS DE ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS", me deparei com a seguinte frase, dita pela duquesa a Alice, durante o jogo de croqué com a Rainha:

"Concordo plenamente com você", disse a Duquesa; "e a moral disso é 'Seja o que você parece ser'...ou, trocando em miúdos, 'Nunca imagine que você mesma não é outra coisa senão o que poderia parecer a outros do que o que você fosse ou poderia ter sido não fosse senão o que você tivesse sido teria parecido a eles ser de outra maneira'."

Incrivelmente, há nove anos atrás escrevi algo muito aprecido com isso. Digo incrivelmente, porque nunca tinha lido o livro e nem niguém o tinha lido para mim, e embora já tivesse visto o filme, tinha sido há muito tempo, quando eu era criança ainda...
Mas devido a grande semelhança das idéias e também por ser um tema que me consome: o que sou, fui e serei, e o que pareço ser, ter sido e virei a ser, acho que vale a pena deixar esse meu ensaio aqui:


"Quando eu acordei e vi que
eu não era mais quem eu fui
e que você não é mais
quem você era e que nós
não somos quem eramos
e que nada era o que já foi
porque tudo não é mais o que foi
e tudo o que foi não mais o é,
e tudo o que será nunca foi o que é
e o que era nunca é o que será,
e se tudo o que foi nunca será
e tudo o que era não mais o é
e tudo o que será nunca foi,
é, ou era aquilo o que realmente é,
então sou o que não era,
o que nunca fui e nunca serei,
porque sou apenas o que sou,
Eu."
.
Elita Selmara
15/05/2001

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Sobre Minha Mãe

Há um longo tempo, muito se fala em pensar no próximo, ajudar o próximo, amar o próximo como solução da maioria dos problemas que a sociedade moderna vem enfrentando. Eu discordo em grande parte, acho que não precisamos tentar imaginar os problemas que pessoas com as quais nunca falamos passam para evoluir e fazer uma sociedade mais justa. Para mim basta pensarmos em nós mesmos de forma lógica e simples, pois de uma forma geral o que é melhor para nós e para quem amamos, a nivel social, normalmente também é o melhor para o resto da socieade.
Para exemplificar essa minha maneira de pensar, que por acaso é bem antiga, coloco abaixo um texto que reflete de forma bem simples tudo isso e que foi escrito em há 6 anos atrás, quando ainda tinha 20 anos.

Sobre Minha Mãe

Sabe, gosto de olhar para minha mãe. Vê-la trabalhando, conversando, ouvindo, tomando banho, comendo, até mesmo fumando. Gosto de observá-la enquanto anda, senta-se, dorme...
Às vezes sinto-me meio mãe dela, parece que ela tornou-se em pouco de mim, que eu ajudei a criá-la, é tão bonito de se ver...Depois de tudo que passamos juntas, não consigo olhar para ela e sentir que é apenas minha mãe, sinto que somos muito mais que isso, eu a admiro tanto, mas de uma forma diferente, não sei explicar bem, talvez Freud explique, mas eu não posso fazê-lo, posso apenas descrever o que sinto.
Quando olho para ela, quando penso nela, quando me lembro dela, em um flash me passa pela cabeça tudo o que ela já fez por mim. Lembro-me de sua força, atenção, paciência...Lembro-me de seus erros, seus acertos, suas dúvidas...Vem a tona tudo, tudo o que já vivemos, e é emocionante, por um instante, viver isso tudo novamente.
A adimiração que tenho por ela é estranha porque não tenho vontade de ser como ela. Sou o que sou e estou feliz com isso, até porque, sei que grande parte do que sou foi esculpida por ela, mas tenho o sentimento de que também esculpi um pouco do que ela é, e é engraçado olhar pra trás e se ver dando conselhos e lições de moral para sua própria mãe, sendo que ela sempre teve o juizo no lugar.
Nunca tinha reparado no quanto gosto de observar minha mãe, de admirá-la. Até que um dia desses, cheguei de viagem, exausta, e minha mãe estava trabalhando. Eu estava tão cansada que resolvi dormir ao invéz de ir até o seu serviço e lhe dar um abraço, até porque eu sei que ela iria me fazer milhões de perguntas, ia querer conversar e eu ia acabar por atrapalhar o seu serviço e me irritar. Aquele dia eu realmente estava sem paciência, ainda não tinha dormido nada e nem almoçado.
Deitei-me pra dormir um pouquinho e, com meu nome esta tornando-se trabalho, pelo menos o meu sobrenome já é, meu celular tocou e eu tive que dar por encerrado alí os meus poucos minutos de sono...E como já tinha acordado mesmo, e a saudade de minha mãe era grande, resolvi ir até lá, no seu trabalho, visitá-la.
Cheguei lá e a vi em plena atividade, olhando por cima de seus óculos e chamando o nome dos pacientes, tão fofa! Minha mãe trabalha num Posto de Saúde, como estagiária, ela já fez muita coisa na vida de diferentes estilos, mas atualmente é isso o que ela faz, e eu tenho o maior orgulho disso, talvez porque eu tenha pânico de hospital e tudo o que envolva doença, acho bonito, pra não dizer um ato de coragem, ver minha mãe lidando com todo o tipo de gente, de carência e de diferença socio-cultural, e ela faz isso com tanta destreza.
Fui até o balcão por onde ela chamava os nomes, ela ainda não tinha me visto, e falei que gostaria de marcar uma consulta com o Doutor Meneses. A medida que ela foi respondendo que o Doutor Meneses só atendia de manhã, foi virando também o seu rosto para ver quem perguntava, e aí deu de cara comigo que já estava me matando de rir dela.Ela deu um puta sorriso e falou: Sua tonta!!!
Minha mãe sempre teve o sorriso muito bonito, mas ultimamente não tem sorrido muito, por causa das dificuldades que estamos passando, só que neste dia, naquele momento, acho que ela deu-me o sorriso mais bonito dos últimos tempos, ele estava tão iluminado...Tive vontade de beijá-la, abraçá-la, pular em cima dela, como fazia quando era criança, mas não podia, alí era o serviço dela.
Trocamos algumas palavras e depois sentei-me em um banco ao lado da sala em que ela trabalhava, de onde dava para vê-la de costas e um pouco do seu perfil direito. Ela tinha que continuar com seu trabalho, e eu fiquei ali sentadinha, admirando-a e esperando que ela tivesse uma brechinha para dar-me uma abraço, aí então eu iria embora e a esperaria em casa.
Sentei-me de lado no banco, apoiei o meu cotovelo esquerdo neste, e com a mão segurei a minha cabeça, ainda estava um pouco sonolenta. Depois de ajeitar-me confortavelmente, na medida do possível, continuei a observá-la. Foi então que percebi o quanto é gostoso, o quanto me faz bem observá-la. A sensação que tive naquele momento foi tão boa...
Ah!!!Aquela gordinha bonitinha, toda engraçada, meus tios dizem que ela é igualzinha à minha avó, só não é baixinha. Quanto a isso eu não sei, não a conheci o suficiente para lembrar-me dela, mas pelo que contam, realmente têem o mesmo jeito, e o pior é que também me acham super parecida com minha mãe. Será que é genético? Há há há...
Ela lia o nome dos pacientes em um caderno ao seu lado direito, chamava-os e em seguida riscava seus nomes do caderno. Assim que os pacientes chegavam ao balcão ela pedia-lhes a carteirinha e perguntava-lhes a idade, e assim ia, um por um...E ela alí, na maior paciência, paciência a qual eu não tenho nenuma. Já havia vinte minutos que eu estva ali sentada e a folhas daquele caderno pareciam não acabar nunca.
Irritei-me com tamanha demora, dei um alô a minha mãe e disse que ia procurar uma amiga dela que há muito tempo eu não via. Virei-me e subi as escadas que estavam logo alí a minha frente. Chegando ao seu final, virei-me à direita, dei uns dez passos, e na primeira porta topei com ela.
Ela falou-me um oi surpreso, mas não muito receptivo, e deu-me um abraço. Perguntei como ela estava, ela respondeu-me sem muitos detalhes, como se eu a tivesse visto há duas semanas, e não há meses, parecia-me estar preocupada e com pressa.A princípio, pensei que estava atrapalhando o seu serviço, ela é diretora do Posto de Saúde e antes de subir minha mãe já havia me dito que talvez ela estivesse em reunião. Continuamos conversando, ela me perguntando sobre a minha faculdade, eu respondendo, e vendo que ela olhava muito de lado, para o lado esquerdo dela. Eu estava de frente pra ela, e discretamente tombei a minha cabeça para trás e olhei também.
Hum...descobri tudo! Estava alí, de terno preto, velhinho, o namorado dela. Era por isso que ela não estava me dando a atenção devida, ela tinha um compromisso marcado com ele. Dei licença a ela, que trocou algumas palavras com ele e descemos, as duas, a escada, ainda conversando sobre minha vida acadêmica. Em seguida seu namorado chegou e ambos saíram conversando, mal me falaram tchau.
Fiquei alí de pé, parada na porta do Posto de Saúde, pensando... Como pode um pessoa que há tanto tempo não lhe vê, não perguntar nada sobre você, sobre a sua pessoa? Se esta bem, se está feliz, o que tem feito, se esta estudando, trabalhando, namorando...Nada disso foi-me questionado, o que interessava para ela, e para a maioria das pessoas que vem conversar comigo, era como estava a minha faculdade e se eu já tinha conseguido a minha bolsa de iniciação científica. Respondido isso ela deu-se por satisfeita e foi embora.
Cadê a relação interpessoal que existia? Acabou, e vejo que esta acabando em todo o mundo. É até engraçado de se ver, antes o que importava era quem você é, hoje é o que você faz. Os valores veem mudando rapidamente, só que com isso nós seres humanos, estamos perdendo o interesse no bem estar do próximo, o que é triste, pois quando perde-se o interesse no próximo, no bem estar deste, por tabela também esta se perdendo o interesse em sí mesmo. O que me amargurou mais nesta cena, foi que...Pô! Ela é diretora de um Posto de Saúde, em uma cidade onde as cindições médico-hospitalares são precárias, e não se interessa pelo bem estar das pessoas.
Não é um problema pessoal, na verdade ele é muito mais social, esse despreso que ela, e que as outras pesoas tem pelo meu bem estar e do próximo. Pra mim essas coisas funcionam, pelo menos deveriam, como uma corrente, e poucos são os que percebem o quanto essas pequenas atitudes são importantes para se formar uma base social e política forte, e minha mãe é uma delas, e é por isso, e outras coisas também, que eu a admiro tanto.
Imagine comigo, vamos começar por algo bem simples. Já que estou falando sobre minha mãe, pense no seguinte: eu a amo, e preocupo-me muito com o seu bem estar, saúde, mente, felicidade e tudo o mais. Faço tudo o que posso para manter em bom estado todos esses itens, se é assim que posso chamá-los, mas, como já relatei, tenho pânico de hospital e de qualquer coisa que envolva doença. Logo, se algum dia minha mãe ficar doente, o que farei?
Pensando nisso, para me previnir tenho que investir em pessoas que gostam dessa área de saúde, certo?!Agora para tudo!Quando pedi para que imaginassem comigo, esqueci-me de dizer que estavamos partindo do começo, como se nada, hospital, escola, nada existisse, nós iremos criá-los ao longo dessa imaginação, ok?!
Então, voltando, pensando na saúde de minha mãe, precisamos investir em quem goste de saúde. Saio a procura desta, encontro-a, mas ela ainda só tem a vocação, sem nenhum aprendizado ou experiência, fazendo uma analogia, ainda é um fruto verde.
Nosso próximo passo então, é investir em educação, para que essa pessoa possa obter o aprendizado necessário para cuidar da saúde de minha mãe. Aí entra o investimento em escolas, livros, bons professores, em resumo, tudo o que diz respeito à educação.
Feito isso, ainda falta ao nosso futuro agente da saúde, que salvará a vida de minh mãe, experiência. E como garanto isso? Simples , quer dizer, nem tanto, mas para isso construímos postos de pronto-atendimento, hospitais, postos de saúde, clínicas, e tudo o mais.
Pronto! Agora já temos um médico para cuidar da saúde de minha mãe e um lugar para atendê-la quando necessário. Missão cumprida! Missão cumprida uma óva! Temos que continuar olhando para frente e nos previnindo para o futuro, não acha?
Pois então, quem fará os equipamentos cirurgicos? Quem cuidará da higiene do local? Quem ficará responsável por analisar os casos de emergência? Quem fará os medicamentos?...Bom, para responder todas essas perguntas temos, teremos que criar muitas outras coisas e muitos outros pofissionais.
Depois de criarmos todas coisas e todos esses profissionais, espero, agora, que a saúde de minha mãe nãe esteja correndo mais perigo. Se tudo o que criamos estiver nos conformes, não haverá problemas com ela. Ah! Só pra terminar essa obra faraônica, precisaremos também de leis, para que a ética e a moral sejam preservadas; de um órgão que cuida da justiça, caso alguém burle as regras; de um orgão para fiscalizar se as leis e a justiça estão sendo executadas devidamente; e por fim, um órgão para controlar, tomar as medidas e as decisões certas, na hora certa, e supervisionar tudo, tudo o que foi criado.
Imaginando apenas a preocupação que tenho com a saúde de minha mãe, e os cidados necessários em função disso, já deu para perceber o quanto uma coisa é relacionada a outra, fazendo com que a corrente da qual falei se feche. Tudo tem que funcinar direitinho, para que nenhum elo se quebre, e nesse caso, minha mãe não adoeça e morra...
Bom, mas eu queria deixar bem claro, e espero ter conseguido, é que o simples ato de preocupar-se com bem estar do próximo, você também esta preocupando-se consigomesmo, afinal podia ser eu a doente, neh?! E também, o quanto esse tipo de preocupação pode formar uma base sólida para a sociedade em que vivemos, e é uma pena que isso esteja se esvaindo, não acham?
É isso o que esta acontecendo com a política e com os governantes do mundo. Falta a eles enxergarem as pequenas atitudes e iniciativas, como um todo. Eu sei que não dá mais para começar tudo do zero, e que é difícil consertar alguns erros, mas se ao menos tentassem...Só o que vejo são pessoas pensando em seus próprios umbigos, cheias de ambição, mas sem nenhuma visão. Não enxergam que as pessoas que deixam de atender hoje, podem fazer falta amanhã, não de forma direta, mas indiretamente, é assim que funciona a corrente. Não importa se você quebrou o primeiro, o quinto, ou o último elo, ela estará quebrada do mesmo jeito e dará o mesmo trabalho para consertar.
Os valores da nossa sociedade estão mudando, e continuarão, porque isso é evolução. Mas esse sentimento de fazer bem ao próximo, de cuidar da manutenção da corrente, não pode acabar, porque isso é regressão.
Terminada essa explosão de pensamentos e o meu ensaio político-social, virei-me e dirigi-me novamente à sala que minha mãe trabalhava. Apoiei-me no balcão ao lado dela, e continuei a olhá-la realizando o seu simples serviço de chamar nome por nome os pacientes, anotar as suas idades e riscá-los da lista. Tinha tanto orgulho dela... Passou-me pela cabeça: Até quando pode rei observá-la? Assim ...trabalhando, andando, falando, comendo, bebendo...Até quando a terei por perto?
Pensamentos assim permeiam a minha cabeça de vez em quando. Faço planos, desfaço-os, faço-os novamente...É uma brincadeira gostosa, emocionante...Ah!Essa minha mãe...ainda me mata de tanta emoção!!!
Já estava quase desistindo de esperá-la, quando uma amiga dela, essa eu não conhecia, disse a ela que viesse me dar um abraço, que ela terminaria o serviço de minha mãe.Ufa! Ainda bem que ela pensa no próximo, já estava indo embora sem nem ao menos dar um abraço em minha mãe, há há há...
Mas enfim, minha mãe teve uma brechinha, chamou-me para entrar em sua sala, fomos até uma outra salinha, que ficava nos fundos desta, e onde guardava-se alguns protuários e fichas de pacientes, sentamo-nos em cima de uma mesa, abraçamo-nos, beijamo-nos, contamos uma à outra como foi a nossa semana...E como já haviamos nos estendido muito no tempo, e ela tinha que voltar a trabalhar, despedímo-nos. Sai, parei em frente ao seu balcão e disse-lhe que a esperava para o jantar. Continuei andando em direção à saída, parei na porta, olhei pra trás, pisquei-lhe o olho direito e mandei-lhe um beijo simultaneamente, ao qual ela respondeu-me com um outro beijo e aquele seu lindo sorriso. Em seguida saí, fui embora pra casa pensando naqueles poucos momentos felizes que tinham acabado de se passar... E hoje, uma semana depois, os estou relatando, para que todos possam dividí-los comigo.

Elita Selmara.
22/07/2004

quinta-feira, 8 de abril de 2010

A Arca do Mané

Diante do caos que virou o Rio de Janeiro nos últimos dias, deixando a demagogia de lado (pois é obvio que há problemas estruturais e que eles veem se edificando ao longo de muitos anos sem ninguém fazer nada..) e também a parcela de culpa que cabe à natureza (só isso daria horas e horas de bate, mas não resolveria nada!), resolvi pegar carona no misticismo que tem-nos envolvido sobre o fim do mundo, lembrando aqui uma famosa passagem bíblica ( que também consta do Alcorão, na mitologia Irlandesa, e outras crenças menos conhecidas): A Arca de Noé.

"Conforme conta a história, cada uma a seu modo, Deus decidiu destruir o mundo por causa da perversidade humana, mas poupou Noé, o único homem justo da Terra em sua geração, mandando-lhe construir uma arca para salvar sua família e representantes de todos os animais e aves. A certa altura, Deus se lembrou de Noé e interrompeu o Dilúvio, fazendo as águas recuarem e as terras secarem. A história termina com um pacto entre Deus e Noé, assim como com sua descendência."(fonte Wikipédia)

Realmente, se fizermos uma comparação, o Rio de Janeiro dentre os índices de violência, é uma das cidades onde mais se observa a perversidade humana, a exemplicar com o fato de que durante o caos instaurado pela chuva essa semana, em muitos pontos houve arrastão, ou seja, as pessoas além de estarem em risco devido à chuva ainda foram submetidas à humilhação de serem roubadas e perderem suas vidas não pelo desejo da natureza e sim pela perversidade humana.
O que falta nessa comparação é um homem como Noé, que fosse digno de recerber um aviso divino e se salvar, pois nem mesmo os metereologistas conseguiram enviar um aviso a respeito da construção da barca da salvação...Ou, na pior das hipóteses, não somos decendentes de Noé.
Não vou entrar na questão DEUS, pois acho que ele anda ocupado demais com coisas mais importantes nesse universo tão grande, infinito diga-se de passagem. Na verdade, acho que depois que Darwin instituiu a lei da sobrevivência e evolução da espécie, DEUS ficou mais a vontade para cuidar de outras coisas, afinal a culpa não é mais dele, a culpa é de Darwin: "seleção natural".
Por fim, o que quero salientar é que, com um problema desse tamanho de pouco adianta procurar pelos culpados, uma vez que nada foi feito até que o problema se instaurasse. Cabe agora às autoridades e também a população que tem sido, por anos, omissa e submissa às condições que esta sendo submetida, prevenir, caso contrário, fazendo juz à teoria de Darwin, não passaremos de animais tentando sobreviver às leis da natureza: ou pela força ou pela adaptação, mas ainda como meros animais, sem Arca, e aí sim, estaremos bem próximos do fim do mundo!



Só para ilustrar o episódio pelo qual o rio de Janeiro tem passado, coloco um trecho de uma música da Nação Zumbi:

Posso sair daqui para me organizar
Posso sair daqui para desorganizar
Posso sair daqui para me organizar
Posso sair daqui para desorganizar

Da lama ao caos, do caos à lama
Um homem roubado nunca se engana
Da lama ao caos, do caos à lama
Um homem roubado nunca se engana

terça-feira, 6 de abril de 2010

Uma Páscoa de Aventuras

Tudo começou com uma DR...Isso mesmo uma DR que nos fez dormir mais de 3 horas da matina. E por causa disso: TCHAN DAN!!!! As aventuras foram muitas...
Era sábdo de aleluia, estavamos em Brasília, para pegar o carro e trazer no domingo pro Rio de Janeiro. O planejado era:
Saída = 6:00 hrs
Percurso = Brasilia-Rio de Janeiro
Distância = aproximadamente 1200 Km
Tempo Médio = 13 hrs
Despesas = em torno de R$150
Teria sido assim, se não fosse a DR e outras cositas más...
O que aconteceu de fato...
Saímos de brasília as 9 hrs, com apenas R$77, pois o caixa eletrônico próximo de casa não estava funcionando, mas tínhamos dinheiro de plástico: cartão de crédito.
As 6 primeiras horas de viagem foram ótimas, Madona, Céu, Vitor&Léo, cantamos, rimos, conversamos, curtimos o carro novo, a paisagem, os lanchinhos da dona Lourdes...até entrarmos em Minas Gerais...
Rumo a BH a vida é muito (in)tensa...
Logo no início, a primeira tensão, o tanque de gasolina entrou na reserva e não havia sequer sinal de posto de gasolina, nem uma placa indicando, nada! Depois de quase 30 Km na reserva, enfim um posto, um posto que não aceitava cartão...foi-se R$40,00 só pra sair do vermelho e encontrar um novo posto que aceitasse cartão.
Na saída do posto caímos direto num engarrafamento de 15 Km...foram quase 3 hrs praticamente parados, até encontrarmos um novo posto de gasolina, que também não aceitava cartão. Como estava tudo engarrafado mesmo, a solução foi entrar na cidade e procurar um caixa eletrônico e/ou um posto que aceitasse cartão, ou...game over!
O primeiro Rally agente nunca esquece...
Enfim, encontramos um posto que aceitava cartão e de quebra o atendente nos ensinou um "atalho"que nos faria fugir do engarrafamento e sair já a 3 Km de Sete Lagoas, e lá fomos nós...
Lama, buraco, motocross, sensação de estar perdido, lusco fusco, linda paisagem, perereca na pista, escuridão, uma luz no farol do carro à frente...Quase no fim do "rally", achando que poderíamos estar perdidos, encontramos um carro que sabia o caminho e nos guiou até a BR-040...
Depois da tempestade vem a bonança e vice-versa...
Chegando na BR-040 começou um chuva absurda...chovia forte e sem parar, o que somado ao cansaço, fome e escuridão fazia a viagem ficar cada vez mais perigosa e lenta. Decidimos então que iríamos dirigir até as 22:30 e aí pararíamos numa cidadezinha pra dormir, descansar e então, no dia seguinte seguiríamos viagem.
Quando eu era pequenina lá em Barbacena...
Conforme o combinado, as 22:30 paramos na cidade mais próxima, que era Barbacena, logo na entrada encontramos um hotel e um pouco mais a frente um banco e uma lanchonete.
Mas como já era muito tarde e a cidade era muito pequena, o caixa eletrônico não estava funcionando e com medo de ficar sem grana pro pedágio, nos restava R$7 para comer, e a fome era grande...
Em tempos de Páscoa, o milagre do sanduba acontece...
Na tal da lanchonetezinha, que também não aceitava cartão, conseguimos com R$7 comprar dois X-salada...Foi a melhor ceia de Páscoa que já tivemos...Comemos, durmimos e pé na estrada na manhã seguinte.
O resto da viagem foi tranquilo...o resto do dia nem tanto...
Bobagem pouca, besteira...
Perdi o ônibus pra voltar pra casa depois do trabalho, tive que pegar um circular, começou a chover no Rio, o que é sinônimo de enchente e engarrafamento, demorei 2 horas pra chegar em casa, e quando cheguei lembrei que estava sem a chave. Tive que chamar um chaveiro pra abrir a porta e agora estou aqui escrevendo e super preocupada com meu namorado que está no meio da enchente há mais de uma hora e a chuva não para!!!!

Entre tensões e aventuras, posso dizer que, no mínimo foi uma Páscoa diferente... :o)

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Só pra começar...

É a vida não é mole não...Mas com frieza e bom humor dá pra levar.
Minha vida tem poucas, pra não dizer pouquíssimas passagens fáceis, mas eu não mudaria nada nela, pois com criatividade pude transformar os momentos difíceis em cenas engraçadas e até emocionantes...
Este é o meu primeiro post no blog, ainda estou aprendendo como usar e personalizar, mas eu chego lá! O importante é que agora poderei dividir com vocês um pouco de mim, de quem eu sou (e eu garanto que sou muitas, embora ainda seja uma só), o que penso, minhas contradições, meus ideiais...enfim o jeitinho Elita de ser :o)
Espero que vocês gostem e que comentem também!!!
Beijos a todos