segunda-feira, 26 de abril de 2010

A mão que balança o berço X O crime do Padre Amaro


Recentemente a mídia vem destacando vorazmente o crimes de pedofilia cometidos pela igreja católica e o caso da babá que agrediu e abusou sexualmente de uma crinaça de 7 meses (o que também enquadra-se no ato de pedofilia). Tenho acompanhado muitas reportagens sobre o tema, debates e discussões na internet e cada vez mais fico chocada com o que leio e ouço, por isso resolvi registrar aqui a minha indignação.
Ora ora, não é de hoje que crimes como estes são cometidos pela sociedade sem que nenhuma providência seja tomada, apenas falácias, demagogia, hipocrisia e preconceito deliberado. Ainda não li uma matéria sobre o assunto que atingísse de fato âmago da questão e analisásse-a friamente, sem todo o sentimentalismo e moralismo imposto pela sociedade.
Em um debate sobre o tema, na rede MTV, uma estatística mambembe foi feita demostrando de uma forma bem simplória o número de casos de pedofilia na igreja em comparação com o número de casos de pedofília na sociedade como um todo, sugerindo que há mais casos de pedofilia na sociedade que dentro da igreja católica.
Embora não seja católica e nem esteja aqui para defender nehuma bandeira, esta estatística me parece conveniente, uma vez que psicólogos e psiquiátrias da Organização Mundial de Saúde (OMS), afirmam que a pedofilia é classificada como uma desordem mental e de personalidade do adulto, e também como um desvio sexual. Sendo assim nada teria a ver com o Celibato.
Não teria e não tem a ver, uma vez que há também casos de pedofilia que vieram à tona, em outras ceitas religiosas com o caso do Pastor de uma Igreja Evangélica (que não pratica o celibato), Ronaldo Ennes Euzébio. Outro fato a ser destacado é que em menos de quinze dias explodiu na mídia dois casos de pedofilia não cometidos por padres: O caso da babá que abusou do bebê de 7 meses e o caso do psicopata que abusou sexualmente e matou 6 adolescente no interior de Goiás, lembrando que este foi reincidente no crime.
Fazendo um crítica aos comentários ,digamos que desinformados, sobre o tema, os quais tenho lido recentemente, também não dá pra dizer que a causa da pedofilia é a condição socio-cultural nem o baixo salário que as babás recebem, pois temos ainda, ao longo dos anos muitos outros casos de pedofilia cometidos por pessoas de classe média-alta, de alto nível cultural, como por exemplo o caso do austríaco Josef Fritzl que chocou o mundo.
Outros comentários que vem me tirando do sério são as punições, em sua maioria preconceituosas, que são sugeridas pelos "cidadãos" como pena de morte, tortura, perseguição, prisão perpétua, etc. Reforçando o que diz a OMS, pedofilia é uma doença que não escolhe nichos, logo não pode ser apenas tratada como um crime que agride a sociedade e nem com preconceito, mas sim com ajuda médica: tratamento psicológico/psiquiátrico, caso contrário não haveriam reincidentes no crime. No entanto ainda não há no Brasil uma estatística realista sobre os casos de pedofilia, já que o tema é delicado e muitos não fazem denúncia, e nem todas as denúncias entram para uma estatística. Também não há um estudo aprofundado que possa determinar o perfil de um pedófilo para posterior tratamento. Aqueles que estudam psicologia e/ou psiquiatrária sabem o quão difícil é traçar um perfil psicológio em casos de distúrbios da mente. Para aqueles que não são da área recomendo o livro MENTES PERIGOSAS: O PSICOPATA MORA AO LADO - Ana Beatriz Barbosa Silva, onde é retratado um pouco da dificuldade em se detectar características psicopáticas e mais ainda em se afirmar um caso de psicopatia.
Finalmente, os comentários que mais me deixaram indignada, foram aqueles que sugerem, com outras palavras, que os pais são culpados pelos atos de pedofilia cometidos contra seus filhos, por não ficarem em casa cuidando destes e sim deixá-los nas mãos de babás ou mesmo na igreja, para irem trabalhar. Não, sério dá para acreditar que alguém teve a coragem de expor um comentário desses!!! Cara em que mundo as pessoas vivem? Acho que não é o mesmo que o meu...Há muitos e muitos casos de pedofilia e abuso sexual dentro de casa, cometido pelos próprios pais e/ou familiares, não só de pedofilia, como de agressão física/moral/sexual, entre outros crimes e, na verdade, estes são os casos mais difícies de virem à tona e de serem resolvidos, pois há não só toda uma questão familiar por trás, mas também uma coação das vítimas a sofrerem caladas, como o próprio caso do austríaco citado acima. Para aqueles que não se lembram, ele manteve a própria filha presa por 24 anos, abusando sexulamente dela e agredindo-a.
Eu concordo que os pais hoje em dia tem deixado a educação dos filhos nas mãos de terceiros, mas não podemos culpá-los por isso. Você desconfiaria que seu filho corre risco de ser abusado sexualmente ao sair de casa para trabalhar e deixá-lo na igreja para aprender os ensinamentos de Deus? Ou melhor, Você desconfiaria que seu filho corre risco de ser abusado sexualmente ao sair de casa para trabalhar e deixá-lo com o pai? Essa relação não é linear, como disse anteriormente, pedofilia é uma doença, não dá pra viver desconfiado desse jeito. O que falta aos pais, em geral, é uma maior atenção ao comportamento dos filhos, pois estes tipos de abuso deixam marcas físicas e psicológicas na criança. Um pai presente, ou seja, um pai observador percebe quando há algo de diferente com o seu filho por mais sutil que seja essa mudança, mas não dá pra vigiar ninguém 24 horas, embora hoje os recursos para isso sejam muito maires que no passado, e mesmo com toda a tecnologia que temos hoje, não há Big Brother sem edição. E se a culpa realmente fosse dos pais que saem para trabalhar e deixam seus filhos com babás, em escolas, ou mesmo na igreja, como é que se explicaria os casos de pedofilia cometidos no passado, quando a mulher ficava em casa cuidando do lar e da familia?
Por fim, a mensagem
que gostaria de deixar aqui é que: sim é saudável e natural que as pessoas tenham opiniões e visões diferentes sobre um determinado tema, que defendam a sua verdade, mas antes de atacar uma classe toda, de insuflar o preconceito e de apontar os culpados, pelo menos analisem friamente o assunto, leiam sobre o tema, busque as raizes do problema, ao invés de comprarem a idéia de terceiros e saírem falando um bando de bobagens, ridicularizando ainda mais a "elite penasante" brasileira, que tem acesso a livros, TV, jornal e internet, ao fazer esses comentários, neh?!
Por favor, se você acha que os pais tem que parar de trabalhar para poder ter filhos, ter mais critério ao escolher a babá, investigar o histórico do padre, pastor ou qualquer outro guia religioso, antes faça uma análise crítica de sí mesmo e veja qual foi o critério que usou ao levantar qualquer bandeira e defendê-la. É o mínimo que um cidadão pode fazer!

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