sábado, 2 de novembro de 2013

Wallflower

Três anos lado a lado
E ninguém o via
Zumbano,
O mau funcionário,
O cara da coxia.
Sempre ali atrás das cortinas
Abrindo e fechando
Para próxima bailarina
Ele se emocionava a cada espetáculo
Não se sentia menor por estar na faxina
De vez em quando fazia uma gracinha
Mas era logo cortado
E voltava a rotina
Um dia apareceu uma nova estrelinha
Zumbano quis se aproximar daquela luzinha
Mas ela pediu licença,
Fechou a porta do camarim,
E continuou a rir com suas amigas.
Zumbano ficara calado,
Um tanto quanto chateado
E continuou o seu trabalho.
Era isso o que ele fazia.
Três anos lado a lado
E ninguém o via.
O que ele queria,
Queria dançar sapateado,
Mas aquele era um lugar para bailarina
Balé clássico,
Tutu e purpurina.
Zumbano abria e fechava a cortina
Passado três meses,
Ninguém mais o via,
Perceberam que havia outro atrás da coxia
Cadê as flores no meu camarim
Era Zumbano quem provinha
E o glitter azul
E a púrpura purpurina
Era Zumbano quem tinha
E onde esse maldito está?
Gritava a estrelinha
Mas ninguém respondia,
Ninguém sabia.
Três anos lado a lado
E ninguém o via
Três meses afastado
Aonde estaria?
Começou a procurá-lo
A nova estrelinha
Deve estar em outro teatro,
Atrás de outra coxia
Ela imaginava
Zumbano mimando outra bailarina
Levando-lhe flores mais bonitas
Sapateando todo desengonçado
Enquanto esta ria
E então percebeu a falta que este lhe fazia
Percorreu todos os teatros da cercania
Casas de shows e oficinas
Perguntara às outras bailarinas
Mandara cartas a sua família
Pôs anúncio de procura-se a cada esquina
Mas Zumbano por nada aparecia
Que afronta!
Condenava a estrelinha
Três anos lado a lado
E ninguém o via
Três meses se passaram
Até que ela descobrira
Não mais flor,
Nem purpurina,
Nem mimos
Nem gracinha
Zumbano, há três meses atrás morria
E agora o que ela faria?
Não tinha mais tempo,
Não tinha mais vida,
Não tinha mais como demonstrar a Zumbano
O quão bem ela o queria
Três anos lado a lado
E ninguém o via
Três meses afastado
E agora, o que ela faria?
Será que se estivesse vivo
Seu carinho ele aceitaria
Se perguntava a pequena bailarina?

Por Elita de Abreu, 02/11/2013.

Um comentário:

Liberdade de Expressão, exerça a sua!